A Indomada foi a 54ª novela das 20h da Globo. Escrita por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, com colaboração de Maria Elisa Berredo, Márcia Prates e Nelson Nadotti. Direção de Marcos Paulo, Roberto Naar e Luiz Henrique Rios, direção de criação de Paulo Ubiratan e direção geral de Marcos Paulo. Exibida entre 17 de fevereiro e 11 de outubro de 1997, em 203 capítulos, sucedendo O Rei do Gado e antecedendo Por Amor.
Com Adriana Esteves, José Mayer, Eva Wilma, Cláudio Marzo, Ary Fontoura e Renata Sorrah nos papéis principais.
Enredo[]
Greenville é uma cidade fictícia do litoral de Pernambuco, que surgiu após ingleses construírem uma estrada de ferro na região, no passado. O município é considerado "um pedaço da Inglaterra no Brasil", pois os costumes dos habitantes foram muito influenciados pelos britânicos, que seguem à risca tradições como o "chá das cinco". Além de misturar palavras em inglês com o português, juntando com o sotaque pernambucano. A economia da cidade se devia às fábricas de açúcar e rapadura. A mais importante era a Usina Monguaba, propriedade da família Mendonça e Albuquerque, a mais rica da cidade.
Anos atrás, Eulália de Mendonça e Albuquerque (Adriana Esteves) viveu um romance com cortador de cana Zé Leandro (Carlos Alberto Riccelli). O irmão mais velho da moça, Pedro Afonso (Cláudio Marzo), proíbe o namoro e ameaça o rapaz de morte. Com isso, Eulália não teve outra opção a não ser ajudar Zé Leandro a fugir da cidade e este jurou voltar para resgatá-la. Meses depois, Eulália dá a luz a Lúcia Helena, fruto do romance entre os dois e que é ensinada pela mãe a esperar pelo pai.
Quinze anos depois, Eulália vivia com sua filha Lúcia Helena (Leandra Leal) e ainda esperava por Zé Leandro. Tornou-se alvo da paixão do forasteiro Teobaldo Faruk (José Mayer), recém-chegado à Greenville. Este, foi humilhado pela irmã de Pedro Alfonso, maquiavélica Maria Altiva (Eva Wilma) por não ser considerado digno de se aproximar de uma Mendonça e Albuquerque. Teobaldo, então, jurou vingança, tendo como alvo Pedro Afonso, que é viciado em jogos e cheio de dívidas.
Em seguida, Zé Leandro retornou, com uma fortuna em pedras preciosas que conseguiu juntar trabalhando no Garimpo, para fugir com Eulália e Helena e começar uma vida nova com elas. Mas, durante a fuga, o barco em que os três estavam naufragou matando Zé Leandro e Eulália, que antes de morrer, pediu para Helena confiar em Teobaldo. Ao saber da morte da irmã, Pedro Afonso se recusou a fazer o velório dela em sua casa, por mágoa e influência de Altiva.
Sabendo disso, Teobaldo compra todas as promissórias de Pedro Afonso e torna-se seu único credor. Como o marido de Altiva não pode pagar a dívida, Teobaldo exigiu como pagamento que Eulália fosse velada na mansão dos Albuquerque e Mendonça e que Helena se casasse com ele quando esta ficasse adulta. Em troca, a família continuaria morando na mansão, recebendo uma mesada de Teobaldo. Pedro Afonso deixou Helena escolher se casaria ou não e ela aceitou. Com isso, ela foi mandada para Londres, para completar seus estudos. Quando terminasse, voltaria e casaria com Teobaldo, cujo objetivo era ter um filho com ela. Para juntar o seu sangue com o sangue do clã, completando a vingança contra os Mendonça e Albuquerque.
Mais quinze anos se passam. Lúcia Helena (Adriana Esteves) retorna à Greenvile, recebe do irmão a Usina que já estava parada, e se casa com Teobaldo. Porém, ela se recusa a consumir o matrimônio, o que gera um conflito entre os dois e uma história de ódio e amor que movimenta toda a cidade. Helena pretende reativar a Usina e dar valor às suas terras de cana-de-açúcar, colocando em prática os ensinamentos de seu pai sobre o valor da terra, que nunca esqueceu.
Paralelamente, Altiva mantém uma parceria com Pitágoras (Ary Fontoura), um deputado corrupto, para golpes. Ela domina Pedro Afonso que, todas as noites, perde dinheiro no cassino da cidade. A vilã ainda implica com Zenilta (Renata Sorrah), dona de um bordel, em nome da moral e dos bons costumes. Sem sequer saber que seu irmão frequenta este bordel.
Elenco[]
Intérprete | Personagem |
---|---|
Adriana Esteves | Lúcia Helena de Mendonça e Albuquerque |
Eulália de Mendonça e Albuquerque (1ª fase) | |
José Mayer | Teobaldo Faruk |
Eva Wilma | Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Alburqueque |
Cláudio Marzo | Pedro Afonso de Mendonça e Albuquerque |
Renata Sorrah | Zenilda de Holanda |
Betty Faria | Miranda de Sá Maciel (Juíza Mirandinha) |
Marcos Winter | Hércules Pedreira de Mendonça e Albuquerque |
Paulo Betti | Ypiranga Pitiguary |
Luíza Tomé | Scarleth Mackenzie Pitiguary |
Isabel Fillardis | Inês de Sousa |
Nívea Stelmann | Carolaine Mackenzie Pitiguary |
Mateus Rocha | Felipe de Sá Maciel |
Ary Fontoura | Deputado Pitágoras Williams Mackenzie |
Ana Lúcia Torre | Cleonice Williams Mackenzie |
Cássio Gabus Mendes | Sérgio Murilo |
Selton Mello | Emanoel Faruk |
Carla Marins | Dinorah |
Karla Muga | Grampola |
José de Abreu | Delegado Motinha |
Eliane Giardini | Santa Maria Pedreira (Santinha) |
Flávio Galvão | Richard da Silva Taylor |
Flávia Alessandra | Dorothy Williams Mackenzie |
Marcos Frota | Artêmio |
Licurgo Spínola | Egídio Ferreira |
Ingra Liberato | Paraguaia |
Mônica Carvalho | Maribel |
Sônia de Paula | Beata Lourdes Maria (Cadeirudo) |
Pedro Paulo Rangel | Padre José |
Amélia Bittencourt | Veneranda Faruk |
Neusa Borges | Florência de Sousa |
Rodrigo Faro | Beraldo Smith |
Daniela Faria | Berbela Smith |
Hugo Gross | Robson |
Catarina Abdalla | Sebastiana Vieira (Vieira) |
Cristina Galvão | Elaine |
Clemente Viscaíno | Alceu |
Cláudia Puget | Mérilu |
Cristie Miyamoto | Mishiko |
Auricéia Araújo | Consuelo |
Creusa de Carvalho | Encarnação |
Guilherme Martins | Aniceto |
Noêmia Duarte | Betsy |
Rubem de Bem | Seu Billy |
Yan Zeller | Nonato |
Leandro Ribeiro | Leonardo |
Élida Muniz | Vivinha |
Participações especiais[]
Intérprete | Personagem |
---|---|
Leandra Leal | Lúcia Helena de Mendonça e Albuquerque (1ª fase) |
Carlos Alberto Riccelli | José Leandro (Zé) (1ª fase) |
Lima Duarte | Murilo Pontes |
Bruno Gradim | Artêmio (1ª fase) |
João Carrilo | Artêmio (criança) |
Mila Moreira | Priscila Westwood |
Marcelo Escorel | Dr. Lauro |
Cristina Prochaska | Dra. Sônia |
Marco Miranda | Anfilófio |
Waldemar Berditchevsky | Frederico (Fred) |
Luciana Faria | Rosa |
Luzia Avellar | Bela |
Rejane de Moraes | Penha |
Roberta Foster | Guida |
Júlio Braga | Advogado de Teobaldo |
Alberto Pérez | Juiz de paz |
Produção[]
A parceria entre Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares redeu mais uma trama interiorana com realismo fantástico. Eles criaram a protagonista Lúcia Helena para ser interpretada por Cláudia Abreu, mas esta recusou e a personagem ficou com Adriana Esteves. A ideia de fazer de Greenville uma cidade brasileira com costumes britânicos foi fazer uma crítica à americanização social.
A cidade cenográfica tinha 35.000m² no Projac e contava com fachadas vitorianas e casas típicas da cultura nordestina. Em estúdio, os cenários misturavam elementos nordestinos e britânicos. Alguns personagens usavam trajes britânicos, como Pitágoras (Ary Fontoura), cujo visual foi inspirado ex-primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill, e Motinha (José de Abreu) que teve seu figurino inspirado no personagem Sherlock Holmes.
A novela fez sucesso entre o público com bordões como "Óxente, mai Gódi" e "Well", ambos ditos por Altiva (Eva Wilma). Além do termo "nhanhar", dito por Ypiranga (Paulo Betti) e Scarlet (Luiza Tomé) quando se referiam a sexo.
O personagem Egídio, inicialmente, estava Ricardo Macchi, mas o diretor queria um ator pouco conhecido para o papel e escalou Licurgo Spínola, cujo visual foi inspirado no Clark Kent, o Superman. Hugo Gross foi convidado por Marcos Paulo para integrar o elenco e, com isso, teve que deixar o elenco de Zazá, onde atuava. Lima Duarte fez participação entre os capítulos 76 e 79 (exibidos entre 15 e 19 de maio de 1997), revivendo o personagem Murilo Pontes de Pedra Sobre Pedra (1992).
O grande mistério da novela era a identidade do personagem Cadeirudo. Um sujeito misterioso que andava de maneira estranha e atacava mulheres nas noites de lua cheia. Na reta final da trama, foi revelado que se tratava de uma mulher: Lurdes Maria (Sônia de Paula)
Através da personagem Grampola (Karla Muga), uma prostituta, a novela fez uma ação de merchadising social que ganhou o reconhecimento Campanha Nacional pelo Fim da Exploração, da Violência e do Turismo Sexual Contra Crianças e Adolescentes. Na trama, Grampola encontrou uma alternativa de vida à prostituição.
Personagens da novela reapareceram novelas posteriores de Aguinaldo Silva: Pitágoras (Ary Fontoura) em Porto dos Milagres (2001) e o casal Ypiranga (Paulo Betti) e Scarlet (Luiza Tomé) em O Sétimo Guardião (2018). Em 2012, o último capítulo de novela Fina Estampa fez uma referência a trama de 1997, quando Íris (Eva Wilma) e Alice (Thaís de Campos) se mudam para Greenville. Foi como uma homenagem a Eva Wilma, que viveu a vilã Altiva. Talvez propositalmente, a personagem de Eva na trama de 2011 também tinha como bordão "Well".
A abertura da novela lançou Maria Fernanda Cândido, em seu primeiro trabalho na televisão. Ela aparecia correndo e se transformando em vários elementos da natureza, através de um trabalho feito pela equipe de Hans Donner. Porém, esta abertura e a música, "Maracatudo" de Sérgio Mendes", desagradou Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, que criticaram publicamente. A trilha, nas primeiras semanas de exibição, era somente instrumental. Posteriormente, passou a contar com vocais.
A cena mais marcante da produção foi a morte de Altiva no último capítulo, que, depois de desaparecer num incêndio, vira fumaça e sobe pelos ares de Greenville, sob o olhar de toda a cidade, jurando retornar.
Reprises[]
Foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo entre 16 de agosto de 1999 e 17 de março de 2000, em 154 capítulos, sucedendo O Rei do Gado (coincidentemente, sua antecessora) e antecedendo Tropicaliente. Nesta reapresentação, o tema de abertura foi trocado pela música "Unicamente", cantada por Deborah Blando. Marcou 18,24 Pontos de média geral de audiência.
Também foi reprisada, em forma compacta, no quadro "Novelão" do Vídeo Show em 10 capítulos, entre 24 de dezembro de 2012 e 4 de janeiro de 2013, sucedendo Por Amor (sua sucessora na exibição original) e antecedendo O Bem-Amado.
No Viva, foi reprisada na íntegra na faixa das 23h30 e 13h30 entre 30 de julho de 2018 e 22 de março de 2019, sucedendo Explode Coração e antecedendo O Cravo e a Rosa. Anos antes, em 2013, a novela foi uma das opções de uma enquete promovida pelo canal pago para escolher a reprise sucessora de Rainha da Sucata na mesma faixa horária. Ficou em terceiro lugar na enquete, e Água Viva foi a mais votada.
Em 31 de agosto de 2020, foi disponibilizada na íntegra pelo Globoplay.