E enfim, completamos nossos primeiros 10 anos
Sempre que chega o mês de agosto, eu costumo fazer um texto comemorando mais um ano de existência e relembrando toda a trajetória do Portal até aqui e agradecendo quem ajudou no crescimento desta Wiki. Mas este ano, não tinha como ser diferente. Afinal, é uma década inteira de trabalho, pesquisa, resgate, esforço e empenho. Registrando ao máximo cada momento da história da televisão brasileira. E ainda há muito para se registrar. Temos motivos para comemorar, pois é difícil que projetos criados na internet consigam atravessar os dez anos. Principalmente em se tratando de portais do Fandom. E conseguimos chegar até aqui na ativa, tornando-se o maior portal de história televisiva do Brasil. É um feito que gera muito orgulho.
O que o futuro nos reserva? Eu não sei. Mas, no momento, quero relembrar um pouco o passado. Um costume anual que temos aqui a TVPedia são os textos especiais que relembram anos específicos na televisão. Desta vez, vamos lembrar de como era a TV, e o mundo, quando a Wiki surgiu em 2013. E realmente, muita coisa mudou de lá pra cá. Presenciamos vários acontecimentos mundiais, muitas mudanças na televisão e na forma de consumir conteúdo. A TVPedia acompanhou cada mudança. Mudando e evoluindo junto. Em dez aos, passamos por 3 copas do mundo, 2 jogos olímpicos. Tivemos dois papas, o Brasil teve 4 presidentes. Nós, aqui, fizemos mais de 2 mil artigos, criamos uma premiação que, neste ano, chegará à sua sétima edição.
Por isso, nada mais justo que resgatar as origens e relembrar o que acontecia (e o que ainda não aconteceu lá em 2013. E como se trata de muita coisa para relembrar, este texto foi dividido em duas partes.
Segue abaixo, a primeira parte de como era o mundo quando a TVPedia Brasil criava seus primeiros artigos.
Produção de novelas paralisadas, programas de auditório sem auditório, apresentadores apresentando seus programas em suas respectivas casas. E grades de programação inteira de reprises.
Se para nós ainda é difícil de nos darmos conta que passamos por um período tão triste da história do mundo, por todas as suas consequências. Imagina pensar na possibilidade de uma pandemia há dez anos atrás. Ninguém, em sã consciência, cogitaria que teríamos que enfrentar uma crise sanitária global que nos faria ficar em casa, evitar contatos físicos e tomar todos os cuidados contra um vírus tão contagioso. E que levaria embora tantas vidas.
O Orkut, que já foi a principal rede social do Brasil, já não era mais o mesmo quando chegou aos anos 2010. Em um visível declínio, a rede ainda tinha seus usuários assíduos, muito por conta das inesquecíveis “comunidades” que reuniam pessoas com algum interesse em comum. O lugar resistiu bravamente até ser descontinuado pelo Google em setembro do ano seguinte.
Já o TikTok, principal rede social dos dias de hoje, sequer existia. O embrião do “aplicativo das dancinhas” só surgiu em abril de 2014 com o nome Musical.ly, que em 2017, foi vendido para uma empresa chinesa e tornou-se o TikTok.
Uma das principais redes sociais na época, o Twitter (sem o X do Elon Musk) havia bem menos funcionalidades que hoje. Os tweets tinham o limite de 140 caracteres e não havia a função de dar retweets com comentário. Para isso, o usuário tinha que escrever manualmente o famoso “RT @”. Também não havia as threads, nem a função de itens salvos e muito menos a possibilidade de silenciar palavras e usuários.
O Instagram, rede do momento, que muitos famosos no mundo aderiram, era bem diferente do que é hoje. Em seu início, só era possível postar uma única foto por post, e a imagem vinha sempre quadradas. Os vídeos tinham que ser bem curtinhos e não haviam os reels e nem os shorts (que foi uma resposta da empresa de Mark Zuckerberg ao sucesso do Snapchat). Além disso, o cadastro (assim como qualquer postagem de conteúdo, só era possível unicamente pelo aplicativo.
Quando a TVPedia Brasil criava seus primeiros artigos, o Domingão do Faustão seguia sendo uma das principais audiências dos domingos da Globo e ninguém sequer pensava na possibilidade de Faustão deixar a emissora. Embora, a imprensa já cogitasse nomes que poderiam se tornar seu sucessor em uma futura aposentadoria.
Já o destino de Xuxa na Globo, naquela época, era uma incógnita. Seu programa, o TV Xuxa não vivia em seu melhor momento. Com baixa audiência, virou até motivo de piada por perder para a Record, que exibia Pica-Pau no horário. O ano seguinte foi o último da apresentadora na emissora. Em 2015, ela assinou com a Record.
Na Record, Marcos Mion apresentava o Legendários nas noites de sábado. Um programa que, depois de muitas críticas, conseguiu se consolidar e ficou sete anos no ar.
Outro que também se despedia de sua emissora foi Danilo Gentili. Em seu último ano na Band, o comediante deixava o comando do Agora é Tarde, talk show que o consagrou como entrevistador. Ainda no final de 2013, ele assinou contrato com o SBT e está lá até os dias de hoje.
Em agosto de 2013, no mês de lançamento do portal, Amor à Vida estava em seu terceiro mês de exibição. A novela marcou a estreia de Walcyr Carrasco no principal horário de folhetins da Globo, após passagens de grande sucesso pelas outras faixas horárias. Tal qual as novelas anteriores de Carrasco, a trama protagonizada por Paolla Oliveira e Malvino Salvador também alcançou bons índices de audiência. E ficou marcada, em seu último capítulo, no início de 2014, ao ser a primeira novela da Globo a exibir uma cena de beijo gay.
Se hoje é difícil imaginar o Programa Silvio Santos sem Silvio Santos, imagina há dez anos atrás. Por mais que muitos se questionassem como seria o SBT sem o seu maior nome, ninguém imaginava que o “Rei da Televisão Brasileira” se aposentaria dos palcos. E nem o próprio pensava no assunto, afinal, seu dominical vivia um ótimo momento. Onde, não raramente, vencia a Globo e alcançava a liderança em audiência.
Patrícia Abravanel já fazia parte da atração, no “Jogo dos Pontinhos” e outros quadros. Mas também ninguém, naquela época, imaginava vê-la apresentando o programa no lugar de seu pai.
Em 2013, até surgiam especulações de que Tiago Leifert (que comandava o [[The Voice Brasil na época) substituiria Pedro Bial na apresentação do Big Brother Brasil, buscando uma renovação no maior reality do país. Mas, durante um momento, tudo ficou apenas na boataria e só se concretizou anos depois. Leifert assumiu o BBB em 2017 e Bial estreou no Conversa com Bial.
Enquanto isso, na Record, Britto Júnior ainda era o apresentador de A Fazenda e ainda não havia nenhuma especulação quanto a substituí-lo. Ele comandou o reality (que ainda era gravado em Itu) até 2014. E depois disso, passaram pela apresentação Roberto Justus, Marcos Mion e, atualmente, Adriane Galisteu.
Tudo começou na quinta temporada do reality da Record. Em uma festa, Gretchen “tocou o sino” e desistiu do confinamento, em um dos momentos mais memoráveis de A Fazenda. Tão memorável que, logo de imediato, foram transformados em gifs e memes pela internet e que se espalharam rapidamente.
A cantora viralizou, inicialmente, em comunidades do Orkut como a Pan (o embrião do Pandlr) e logo mais e mais gifs dela foram feitos. Usando vários momentos da carreira dela, como clipes e participações em programas de TV. Os anos se passaram e Gretchen se tornou uma figura tão popular, que seus memes rodaram o mundo e chamaram a atenção de nomes internacionais. Como Katy Perry, que a convidou, em 2017, para participar de um clipe. A “Rainha do Rebolado” virou então, a “A Rainha da Internet”.
center|350px Ela no Mulheres e ele no Todo Seu. Catia e Ronnie eram os principais nomes da Gaceta à dez anos atrás. Os dois programas eram os que faziam maior sucesso na grade da emissora na época, e era difícil imaginar a “mais paulista das TVs” sem os dois comunicadores. Mas foi o que aconteceu: Catia Fonseca foi para a Band em 2018 e Ronnie Von foi dispensado pelo canal em 2019.
Em setembro de 2013, a televisão brasileira sofreu uma triste baixa. Depois de quase 23 anos de uma programação jovem, transgressora, que lançou tendências e foi responsável por revelar muitos comunicadores que se consagraram em outras emissoras, a MTV Brasil do Grupo Abril saía do ar. Encerrando um capítulo da história da TV aberta nacional.
A Abril devolveu os direitos da marca MTV à Viacom (hoje, Paramount) que relançou o canal na TV paga com uma programação completamente distinta. E que hoje se destaca pelos seus indefectíveis reality shows de “pegação”.
“Encontre a palavra misteriosa”, “Encontre a diferença”, “Grande Oportunidade”, “Ligue Agora”, “Grande Prêmio”. Tudo em letras garrafais e piscando na tela para induzir o telespectador a ligar para eles.
Eram assim os CallTVs, formato de programa interativo controverso, que gahou apelidos maldosos como “Caça-Níqueis” e “Caça-Trouxas”. Estas atrações independentes, que prometiam grandes prêmios em dinheiro ao público, bastando apenas ligar e acertar o desafio que aparecesse na tela, estavam por toda parte na TV. Nas emissoras nanicas ou maiores, algum programa desse tipo poderia surgir em qualquer horário naquela época. Podiam ser programas com nomes diferentes, apresentadores diferentes e até produtoras diferentes. Mas a dinâmica era a mesma.
E as denúncias de fraude feitas por telespectadores contra esses programas foram centenas. Mas eles seguiram no ar ao longo dos anos até que, no final da década, as emissoras passaram a se recusar a dar espaço a esse tipo de conteúdo.
Para comemorar o seu terceiro aniversário, o Viva promoveu o retorno do programa que fazia mais sucesso em sua programação, em reprises. Uma temporada especial do Sai de Baixo foi produzida, onze anos após seu fim. Com quatro episódios, o revival fez muito sucesso e garantiu uma reexibição na Globo, no final do ano.
Se no passado, ter TV por assinatura era artigo de luxo, em 2013 a realidade era bem diferente. No início dos anos 2010, o setor de televisão paga teve um boom de assinantes. Com as operadoras lançando pacotes mais baratos, com poucos canais, classes de menor poder aquisitivo puderam ter acesso ao serviço. Era comum na época ver muitas casinhas simples, mas com uma antena da Sky ou da Claro lá no topo.
O aumento do número de assinantes também popularizou alguns canais. Entre eles o Multishow que, naquele ano, lançou o Vai que Cola. O humorístico liderado pelo saudoso Paulo Gustavo mais parecia um programa de TV aberta, e imediatamente se tornou a atração de maior sucesso do canal. Emendando várias temporadas ao longo dos anos.
O streaming também se popularizava no Brasil naquela época. A possibilidade de poder assistir a séries e filmes da maneira que desejasse e até “maratonar” (assistir temporadas inteiras de uma série de uma única vez) fez com que muitos assinassem à Netflix. E o conteúdo ofertado pelo serviço na época também se popularizou. Em 2013, a plataforma ainda não tinha concorrentes no Brasil e havia chegado ao país apenas dois anos antes. E ainda não produzia conteúdo original nacional.
Em 2013, a CNT vivia seus últimos tempos onde tinha uma grade de programação de verdade. Apesar de poucos, a rede ainda produzia atrações como o Notícias & Mais, Amigos, Amigos, Estilo a Parte, Leão Lobo Visita e Márcia Peltier Entrevista. No ano seguinte, a emissora vendeu 22 horas de sua programação diária para a Igreja Universal do Reino de Deus. Gerando demissões e cancelamento de atrações. Restando apenas o CNT Jornal e pouquíssimos programas de produção independente.
Nem parece que faz dez anos que Anitta explodiu nacionalmente. A funkeira já havia feito pequenas aparições na televisão, mas foi com o “Show das Poderosas”, cujo clipe ultrapassou a marca de 10 milhões de visualizações no YouTube em pouco tempo, que a então “MC” tornou-se conhecida no Brasil inteira. E hoje, é uma das cantoras mais famosas.
Ainda no universo do funk, quem também explodiu naquele ano foi Valesca Popozuda com o hit “Beijinho no Ombro”. O clipe, com ares de superprodução, já alcançou mais de 110 milhões de visualizações no YouTube e fez a música ser cantada nacionalmente. E mandar um “beijinho no ombro pro recalque” virou mania.
Para a bolha dos fãs da música, é impossível não relacionar 2013 à aquilo que foi chamado de “Guerra Mundial do Pop”. De um lado, os fãs da Lady Gaga, que anunciou o lançamento da música “Applause”. Do outro, os fãs da Katy Perry, que anunciou o lançamento de “Roar”.
As duas músicas foram lançadas na mesma semana, em um curto período de tempo. Gerando uma grande e longa rivalidade entre os fandons das cantoras nas redes sociais e fóruns da internet. Foram muitas brigas no mundo virtual para defender ou atacar uma das duas artistas, enquanto ambos acompanhavam atentamente o movimento das músicas nas paradas de sucesso, para ver quem permanecia nas melhores posições por mais tempo.
Essa rivalidade foi tão grande que furou a bolha dos fãs de diva pop. Quem tinha acesso às redes sociais na época não ficava indiferente. Praticamente todos tinham um lado nessa “briga”.
Bom, por enquanto é só. Nos próximos dias, trarei a segunda parte desse texto especial. Afinal, ainda há muita coisa pra ser lembrada e relembrada. São dez anos de história pra contar. Até a próxima.