Dias Gomes (1922-1999) foi um escritor, dramaturgo e autor de novelas.
Trajetória[]
Alfredo de Freitas Dias Gomes nasceu em 19 de outubro de 1922, em Salvador, Bahia. Filho de Alice Ribeiro de Freitas Gomes e Plínio Alves Dias Gomes, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1935. Em 1943, ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, mas abandonou o curso no terceiro ano.
Escreveu sua primeira peça de teatro aos quinze anos: "A Comédia dos Moralistas", que lhe rendeu prêmios pelo Serviço Nacional de Teatro e União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 1941, chamou a atenção do ator Procópio Ferreira ao escrever "Amanhã Será Outro Dia". Procópio ficou hesitante em produzir a peça, que era um drama antinazista, em plena época da Segunda Guerra Mundial. Dias, então, sugeriu "Pé de Cabra", outra história escrita por ele e que foi aceita pelo ator.
Entretanto "Pé de Cabra" teve seu lançamento proibido no dia da estreia, Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do governo de Getúlio Vargas. A peça foi liberada mediante alguns cortes no texto e se tornou um sucesso. Fazendo com que, no ano seguinte, Dias assinasse um contrato de exclusividade com Procópio Ferreira. Com essa parceria, surgiu peças como "Zeca Diabo" e "João Cambam",
Em 1944, encerrou sua parceria com Procópio Ferreira após desentendimentos por divergências políticas. Pois Procópio não concordava com as discussões sociais levantadas pelo dramaturgo em suas peças. Ele, então, afastou-se do teatro e migrou para o rádio, onde adaptou cerca de 500 obras. Foi neste período que conheceu Janete Clair, com quem se casou em 1950.
Em 1960, retornou ao teatro escrevendo a peça "O Pagador de Promessas", que se tornou o maior sucesso de sua carreira no palcos. E que ganhou uma adaptação para o cinema em 1962, que conseguiu uma indicação ao Oscar. A partir de 1964, com a chegada do Regime Militar, muitas de suas peças foram censuradas. Uma dessas peças foi "O Berço do Ouro", que serviria de inspiração para Roque Santeiro anos mais tarde. Além disso, ele foi demitido da Rádio Nacional por seu envolvimento com o Partido Comunista.
Com isso, em 1969, aceitou o convite de Boni e foi contratado pela Globo. Onde estreou escrevendo a novela A Ponte dos Suspiros. Nos anos seguintes, foi autor de Verão Vermelho (1970), Assim na Terra como no Céu (1970) e Bandeira 2 (1972). Em 1973, escreveu O Bem-Amado, primeira novela em cores da TV brasileira e um grande sucesso. Trama que se tornou a primeira do Brasil a ser vendida para o exterior e gerou uma série que foi ao ar entre 1980 e 1984.
Em 1975, escreveu os primeiros capítulos de Roque Santeiro. Porém, a novela teve problemas com a censura federal e sua exibição foi cancelada dias antes da estreia. Repetindo o que aconteceu com a peça que baseou a trama. Em 1976, lançou Saramandaia, mais um grande sucesso. Em 1978, escreveu Sinal de Alerta. Suas obras na televisão, assim como teatro, se caracterizavam pela forte crítica social e política, e pelo tom satírico no qual os problemas do país eram abordados em algumas das tramas.
Em 1983, com o falecimento de sua primeira esposa, Janete Clair, Dias terminou de escrever a novela dela, Eu Prometo, com a colaboradora Glória Perez. Em 1985, escreveu uma nova versão de Roque Santeiro, que se tornou a novela de maior audiência da história da televisão brasileira e um marco da teledramaturgia nacional. Cujo último capítulo alcançou impressionantes 96 pontos de média.
Entre 1985 e 1988, coordenou a Casa de Criação Janete Clair, que tinha o objetivo de renovar a linguagem e o formato da teledramaturgia nacional. Nos anos seguintes, escreveu novelas como Mandala (1987). Araponga (1991) e Fim do Mundo (1996), além das minisséries O Pagador de Promessas (1988), As Noivas de Copacabana (1992), Decadência (1995) e Dona Flor e Seus Dois Maridos (1998). Em 1991, tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras.
Faleceu na madrugada de 18 de maio de 1999, em um acidente automobilístico na avenida 9 de Julho, em São Paulo. Dias teve cinco filhos. Sendo três com Janete Clair: Alfredo, Guilherme e Marcos Plínio (que faleceu aos dois anos de vida). Sendo pai, também, da escritora Mayra Dias Gomes e Luana Dias, frutos de seu segundo casamento, com a atriz Bernadeth Lyzio.
Trabalhos na TV[]
Ano | Telenovela | Escalação | Parceiros Titulares | Notas |
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1969 | A Ponte dos Suspiros | Autor Principal | ||
1970 | Verão Vermelho | |||
1970 | Assim na Terra como no Céu | |||
1971 | Bandeira 2 | |||
Así en la Tierra Como en el Cielo | Autor da obra original | Adaptação na Argentina | ||
1973 | O Bem-Amado | Autor Principal | ||
1974 | O Espigão | |||
1975 | Roque Santeiro | Versão censurada | ||
1976 | Saramandaia | |||
1978 | Sinal de Alerta | |||
1979-1980 | Carga Pesada | Supervisor de Texto | Gianfrancesco Guarnieri Ferreira Gullar |
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1980-1984 | O Bem Amado | Autor Principal | ||
1983 | Eu Prometo | Autor Substituto | Janete Clair Glória Perez |
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1985 | Roque Santeiro | Autor Principal | ||
1987 | Expresso Brasil | |||
1987 | Mandala | |||
1988 | O Pagador de Promessas | |||
1990 | Araponga | Lauro César Muniz Ferreira Gullar |
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1992 | As Noivas de Copacabana | |||
1995 | Decadência | |||
1995 | Irmãos Coragem | |||
1996 | O Fim do Mundo | |||
Sucupira | Autor da obra original | Adaptação no Chile | ||
1998 | Dona Flor e Seus Dois Maridos | Autor Principal | ||
2011 | O Bem-Amado | Autor da obra original | Guel Arraes Cláudio Paiva |
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2013 | Saramandaia | Ricardo Linhares | ||
2017 | El Bienamado | Kary Fajer Ximena Suárez |
Adaptação no México |