Fernanda Montenegro é uma das mais importantes atrizes brasileiras. Considerada a grande dama da dramaturgia nacional.
Trajetória[]
Arlette Pinheiro da Silva Torres nasceu no Rio de Janeiro em 16 de Outubro de 1929. Filha de um marceneiro e uma dona de casa, sendo a mais velha de três filhas. Seu avô materno construiu, junto com outros imigrantes, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Com 12 anos de idade, ao concluir o primário, começou a estudar secretariado no Berlitz, aprendendo inglês, francês, português, estenografia e datilografia, Durante o terceiro ano do curso, inscreveu-se em um concurso da Rádio MEC, e a partir daí, começou a trabalhar na estação como locutora.
Trabalhou durante dez anos no rádio, inicialmente como locutora, e mais tarde como atriz. Foi durante esse período, que ela integrou um grupo de teatro amador com alunos da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, que funcionava ao lado da Rádio MEC. Sua primeira personagem no teatro foi na peça "Nuestra Natascha". Seu primeiro trabalho como atriz de rádio foi na obra "Sinhá Moça Chorou". Sua carreira como atriz profissional começou em 1950, na peça "Alegres Canções nas Montanhas", ao lado de seu marido, Fernando Torres. Ganhou o prêmio de atriz revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, em 1952.
Estreou na televisão em 1951, sendo a primeira atriz contratada pela recém-inaugurada TV Tupi do Rio de Janeiro. Atuou em cerca de 80 peças entre 1951 e 1953. Nesse período adotou o pseudônimo Fernanda Montenegro, após lhe pedirem para adotar um nome artístico mais forte. "Fernanda", por ser um nome comum na literatura francesa, e "Montenegro", em homenagem ao médico que cuidava da sua família. Em 1954, interpretou sua primeira protagonista A Muralha, primeira novela da TV Record. Entre 1956 e 1963, atuou nos teleteatros do Grande Teatro Tupi.
Nos anos 50, no teatro, fez parte da Companhia Maria Della Costa e do Teatro Brasileiro de Comédia, Em 1959 formou a Companhia dos Sete, sua própria companhia de teatro junto com Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Gianni Ratto, Luciana Petruccelli, Alfredo Souto de Almeida e Fernando Torres. Nos anos e décadas seguintes, firmou-se como uma das grandes damas do teatro brasileiro, recebendo diversos prêmios em sua carreira.
Em 1963 foi contratada pela TV Rio, onde atuou nas novelas Pouco Amor Não É Amor e A Morta Sem Espelho. Em 1964, na Record, esteve nas novelas Vitória e Sonho de Amor. No mesmo ano estreou no cinema com a adaptação da obra "A Falecida", de Nelson Rodrigues. Em 1965, atuou nos teleteatros do 4 no Teatro, da recém-inaugurada TV Globo. Em 1966, participou da novela Calúnia da Tupi. Em 1967, estreou na Excelsior interpretando a personagem Lisa na novela Redenção. Na emissora, permaneceu até 1970, e atuou nas produções A Muralha e Sangue do Meu Sangue;
Esteve afastada da televisão por nove anos, fazendo apenas dois trabalhos durante esse período: um teleteatro na Tupi em 1971 e um Caso Especial na Globo em 1973. Seu retorno ocorreu em 1979, quando protagonizou a novela Cara a Cara da Bandeirantes, onde viveu Ingrid. Em 1981, atuou em sua primeira novela na Globo, em Baila Comigo. Em 1983, viveu Charlô em Guerra dos Sexos, protagonizando a novela ao lado de Paulo Autran. Em 1986, interpretou Naná em Cambalacho. Em 1990, fez uma participação especial em Rainha da Sucata.
Nos anos seguintes atuou nas novelas O Dono do Mundo, Renascer e O Mapa da Mina e nas minisséries Riacho Doce e Incidente em Antares. Em 1997, protagonizou a novela Zazá, vivendo a personagem-título. Em 1998, atuou no filme "Central do Brasil", uma produção de grande sucesso e que lhe rendeu grande reconhecimento internacional. Com o filme, recebeu o Urso de Prata do Festival de Berlim, e no ano seguinte tornou-se a primeira atriz brasileira a ser indicada ao Oscar, concorrendo como "Melhor Atriz Estrangeira". Além disso, também concorreu ao Globo de Ouro, na mesma categoria.
Em 1999, fez o papel de Nossa Senhora de Aparecida em O Auto da Compadecida, minissérie que foi transformada em filme no ano seguinte. Em 2001, viveu Lulu de Luxemburgo em As Filhas da Mãe. Em 2002, participou da primeira fase da novela Esperança, e em 2005, atuou na minissérie Hoje é Dia de Maria. Entre 2005 e 2006, viveu a vilã Bia Falcão na novela Belíssima, que se tornou muito popular ao proferir a frase "Pobreza Pega!" em uma cena. Em 2010, integrou o elenco de Passione, interpretando a personagem Bete Gouveia.
Em 2012, estrelou um episódio de As Brasileiras e protagonizou Doce de Mãe, especial de fim de ano que posteriormente virou série. Neste último, viveu Dona Pitucha, e por conta de sua atuação, ganhou o Emmy Internacional de melhor atriz, tornando-se a primeira atriz brasileira a ganhar o prêmio. Em 2013, interpretou Dona Cândida no remake de Saramandaia. Em 2015, integrou o elenco de Babilônia interpretando Teresa, personagem que mantinha um relacionamento homossexual com Estela, vivida por Nathália Timberg. Retornou às novelas em 2017, vivendo Mercedes em O Outro Lado do Paraíso. Em 2019, atuou nos primeiros capítulos de A Dona do Pedaço, vivendo Dulce. Ainda em 2019, em seu aniversário de 90 anos, ganhou um episódio do Globo Repórter em sua homenagem.
Com uma carreira extensa e de grandes êxitos no teatro, cinema e televisão, Fernanda é considerada por muitos a maior e melhor atriz do Brasil. Foi convidada duas para ocupar o Ministério da Cultura, durante os governos de José Sarney e Itamar Franco, recusando os dois convites. Recebeu em 1999 a Ordem Nacional do Mérito Grã-Cruz, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. E em 2009, recebeu o grau de Cavaleiro da Ordem do Ipiranga do Estado de São Paulo, pelo então governador José Serra. Em setembro de 2019, lançou sua autobiografia Prólogo, ato, epílogo pela editora Companhia das Letras, em parceria com Marta Góes. Em novembro de 2021, foi eleita "Imortal" na Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de número 17. Foi casada durante 56 anos com o ator e diretor Fernando Torres, passando a utilizar o sobrenome do marido após se casar. É mãe do diretor Cláudio Torres e da atriz Fernanda Torres.
Trabalhos na TV[]
| Ano | Título | Personagem | Notas |
|---|---|---|---|
| 1951 – 1954 | Retrospectiva do Teatro Universal | Vários personagens | |
| Retrospectiva do Teatro Brasileiro | |||
| 1954 | A Muralha | Ana Cardoso | |
| 1956 – 1961 | Grande Teatro Tupi | Vários personagens | |
| 1963 | A Morta Sem Espelho | Heloísa | |
| Pouco Amor Não É Amor | Marília | ||
| 1964 | Sonho de Amor | Camila Mariano | |
| Vitória | Vitória Campello | ||
| 1966 | Calúnia | Amália Linares-Castellanos | |
| Redenção | Lisa | ||
| 1968 | A Muralha | Cândida Olinto | |
| 1969 | Sangue do Meu Sangue | Júlia | |
| 1973 | Caso Especial | Medeia | Ep: "Medeia" |
| 1979 | Cara a Cara | Ingrid Von Herbert | |
| 1981 | Baila Comigo | Sílvia Toledo | |
| Brilhante | Francisca Newman (Chica) | ||
| 1983 | Guerra dos Sexos | Charlotte de Alcântara Pereira Barreto (Charlô) |
|
| 1986 | Cambalacho | Leonarda Furtado Machado (Naná) | |
| 1988 | Sassaricando | Ela mesma | Em 10/03 |
| 1990 | Rainha da Sucata | Salomé Szimanski | Em 27/05 |
| Riacho Doce | Vó Manuela | ||
| 1991 | O Dono do Mundo | Olga Portela | |
| 1993 | O Mapa da Mina | Madalena Moraes | |
| Renascer | Jacutinga | Em 14/11 | |
| 1994 | Incidente em Antares | Quitéria Campolargo (Quita) | |
| 1995 | A Comédia da Vida Privada | Otávia | Ep: "A Casa dos Trinta" |
| 1996 | Dora | Ep: "As Idades do Amor" | |
| 1997 | Zazá | Marisa Dumont (Zazá) | |
| 1999 | O Auto da Compadecida | Nossa Senhora | |
| O Belo e as Feras | Clotilde | Ep: "Sermão é Padecer no Paraíso" | |
| Você Decide | Lourdes | Ep: "Assim é se lhe Parece" | |
| 2001 | As Filhas da Mãe | Lucinda Maria Barbosa Cavalcante (Lulu de Luxemburgo) |
|
| 2002 | Pastores da Noite | Tibéria | |
| Esperança | Luiza Frateschi | Entre: 17 e 25/06 | |
| 2003 | Nefertiti Revelada | Apresentadora / Narradora | Versão para o Brasil |
| Celebridade | Ela mesma | Em 19/12 | |
| 2004 | Um Só Coração | Em 08/04 | |
| 2005 | Hoje É Dia de Maria | Madrasta | |
| Dona Cabeça | "Segunda Jornada" | ||
| Belíssima | Beatriz Falcão (Bia) | ||
| 2008 | Queridos Amigos | Iraci | |
| O Natal do Menino Imperador | Narradora | Especial de fim de ano | |
| 2009 | Som & Fúria | Ela mesma | Em 24/07 |
| 2010 | Passione | Elizabete Monteiro Gouveia (Bete) | |
| 2012 | As Brasileiras | Maria Torres | Ep: "Maria do Brasil" |
| Doce de Mãe | Maria Izabel de Souza (Picucha) | Especial de fim de ano | |
| 2013 | Saramandaia | Cândida Rosado (Candinha) | |
| 2014 | Doce de Mãe | Maria Izabel de Souza (Picucha) | |
| 2015 | Babilônia | Teresa Petrucceli | |
| 2016 – 2018 | Mister Brau | Rosita Gomes | 3 Episódios |
| 2017 | Nelson: Por Ele Mesmo | Narradora | |
| O Outro Lado do Paraíso | Mercedes Santos Tavares | ||
| 2019 | A Dona do Pedaço | Dulce Ramirez | Entre 20 e 24/05 |
| 2020 | Amor e Sorte | Gilda | Ep: "Lúcia e Gilda" |
| Gilda, Lúcia e o Bode | Especial de fim de ano |