Mulheres de Areia foi a 44ª novela das 18h da Globo, coproduzida pela SIC. Escrita por Ivani Ribeiro, remake da novela homônima de 1973 e de O Espantalho de (1977). Com colaboração de Solange Castro Neves, direção de Carlos Magalhães, Ignácio Coqueiro e Wolf Maya, e direção geral de Wolf Maya. Exibida entre 1º de fevereiro e 25 de setembro de 1993, em 203 capítulos, sucedendo Despedida de Solteiro e antecedendo Sonho Meu.
Com Glória Pires, Guilherme Fontes, Marcos Frota, Raul Cortez, Susana Vieira, Vivianne Pasmanter, Humberto Martins. Laura Cardoso e Sebastião Vasconcelos nos papéis principais.
Enredo
A história gira em torno das gêmeas idênticas Ruth e Raquel (Glória Pires), iguais na aparência mas distintas na personalidade. Filhas de Isaura (Laura Cardoso) e Floriano (Sebastião Vasconcelos), enquanto Ruth é uma moça de bom coração, Raquel é má e ambiciosa, tendo suas maldades acobertadas pela mãe. Ruth é uma professora que dava aulas em uma escola na fazenda e retorna à fictícia cidade litorânea de Pontal D'Areia, onde vive sua família. Enquanto Raquel atormentar o deficiente mental Tonho da Lua (Marcos Frota), destruindo as esculturas de mulheres feitas com areia na praia que ele faz, Ruth protege o rapaz.
Ruth conhece Marcos Assunção (Guilherme Fontes), que se encanta por ela. Ele é filho de Virgílio Assunção (Raul Cortez), vice prefeito de Pontal D'Areia e dono de um hotel. O objetivo do político é transformar o lugar em um centro turístico. Mas entra em conflito com o prefeito ambientalista, que também és eu cunhado. Para desmoralizar o prefeito, o vice coloca espantalhos nas praias para assustar os clientes.
Virgílio é contra o romance de Marcos com Ruth, por ela ser pobre. Para separá-los, ele usa Raquel para se passar por Ruth e seduzir Marcos. Mas o plano dá errado quando Raquel se apaixona pelo herdeiro e se casa com ele, irritando Virgílio. Que passa a infernizar a nora. Mas Marcos ainda é apaixonado por Ruth, que sofre calada com o casamento da irmã com o seu amado. Mas a história tem uma reviravolta quando, em um acidente no mar, Raquel é dada como morta. Com isso, Ruth começa a se passar por Raquel para ficar com Marcos. Mas Raquel está viva e deseja vingança contra a irmã.
Paralelamente, a rebelde Malu (Vivianne Pasmanter), também filha de Virgílio, vive uma relação de altos e baixos com o vaqueiro Alaor (Humberto Martins), ex de Ruth. Ele é um homem rústico que tenta domar a rebeldia de Malu, o que faz crescer uma paixão marcada pelo forte temperamento dos dois.
Elenco
| Intérprete | Personagem |
|---|---|
| Glória Pires | Ruth Araújo |
| Raquel Araújo | |
| Guilherme Fontes | Marcos Assunção |
| Marcos Frota | Tonho da Lua |
| Raul Cortez | Virgílio Assunção |
| Susana Vieira | Clarita de Azevedo Assunção |
| Vivianne Pasmanter | Maria Lúcia Assunção (Malu) |
| Humberto Martins | Alaor de Almeida Passos |
| Laura Cardoso | Isaura Araújo |
| Sebastião Vasconcelos | Floriano Araújo |
| Paulo Betti | Wanderley Amaral |
| Andréa Beltrão | Antônia dos Santos Vieira (Tônia) |
| Paulo Goulart | Donato Elias |
| Daniel Dantas | Breno Soares de Azevedo |
| Isadora Ribeiro | Vera Soares de Azevedo |
| Evandro Mesquita | Joel Mesquita |
| Eduardo Moscovis | Tito Belo |
| Gabriela Alves | Maria da Glória (Glorinha) |
| Oscar Magrini | Vítor Mesquita |
| Nicette Bruno | Julieta Sampaio (Juju) |
| Adriano Reys | Oswaldo Sampaio (Sampaio) |
| Karina Perez | Andréia Sampaio |
| Alexandra Marzo | Carola Sampaio |
| Irving São Paulo | José Luís Queiroz (Zé Luís) |
| Jonas Bloch | Walter Hartmann (Alemão) |
| Suely Franco | Celina de Almeida Passos |
| Giovanna Gold | Alzira da Silva |
| Thaís de Campos | Arlete Assunção |
| Eloísa Mafalda | Manuela |
| Edwin Luisi | Dr. Munhoz |
| Henri Pagnoncelli | Dr. César Queiroz |
| Carlos Zara | José Pedro Vieira (Zé Pedro) |
| Joel Barcellos | Chico Belo |
| Lu Mendonça | Maria do Carmo Belo (Do Carmo) |
| Denise Milfont | Vilma Martins |
| Antônio Pompeo | Servílio Martins |
| Stepan Nercessian | Delegado Rodrigo Arcêgo |
| Ricardo Blat | Marujo |
| João Carlos Barroso | Daniel |
| Serafim Gonzalez | Garnizé |
| Cibele Larrama | Luzia |
| Alexia Deschamps | Maria Helena |
| Marcelo Mansfield | Santiago |
| Germano Filho | Ataliba |
| Theresa de Castro | Cida |
| Carmen Mello | Diva |
| Maurício Ferrazza | Vasco |
| Toi Bressane | Rozendo |
| Marco Miranda | Duarte |
| Chico Tenreiro | Mathias |
| Fabrício Bittar | Reginaldo Santos Vieira (Reginho) |
Participações especiais
| Intérprete | Personagem |
|---|---|
| Wolf Maya | Dr. Otacílio Galvão |
| Fernando José | Detetive Benvenutti |
| Cláudio Cavalcanti | Dr. Murilo |
| Totia Meireles | Sônia |
| Felipe Carone | Comendador Giacomani |
| Moacyr Deriquém | Giacomini |
| Luciano Vianna | Tavinho |
| Cleyde Blota | Hilda |
| Dary Reis | Bastião |
| Mara Manzan | Joana |
| Ingrid Guimarães | Jurema |
| Sônia de Paula | Lurdes |
| Roney Villela | Carijó |
| Ignácio Coqueiro | Gilberto |
| Suzana Abranches | Mariah |
| Jorge Cherques | Abílio |
| Ênio Santos | Joaquim |
| Kleber Drable | Padre João |
| Luciano Rabelo | Duda |
| Ronaldo Tasso | Igor |
| Dayse Tenório | Alice |
| Ângela Tornatore | Berenice |
| Eliska Altmann | Krika |
| Leonardo Miranda | Jota |
| Eliska Altman | Krika |
| Kleber Drable | Padre João |
| Ivan Senna | médico de Malu |
| Vinícius Marques | Daniel |
| Nathalia Timberg | juíza |
| Renato Rabello | editor da revista |
| Francisco Dantas | padre |
| Paulo Gracindo | padre |
| Cláudio Boeckel | o espantalho |
| Lafayette Galvão | médico do sanatório |
| Paulo Nigri | advogado |
| Cláudio Ayres da Motta | pai de Tonho da Lua |
| Graziela di Laurentis | Ruth (dublê) |
| Raquel (dublê) | |
| Bia Feres | Raquel (criança) |
| Branca Feres | Ruth (criança) |
| Andre Luiz Klevenhusen | Tonho da Lua (criança) |
| Chitãozinho & Xororó | Eles mesmos |
| Asa Branca | ele mesmo |
| Isabel do Vôlei | ela mesma |
| Grande Circo Popular do Brasil | eles mesmos |
| Easy Rider | eles mesmos |
Produção
Mais um remake de Ivani Ribeiro no horário. E desta vez, uma mescla de duas obras suas: Mulheres de Areia de 1973, exibida na Tupi; e O Espantalho de 1977, exibido pela Record e TVS Rio. A novela homônima, por sua vez, foi uma adaptação da radionovela "As Noivas Morrem ao Mar" de 1965, que foi inspirada no filme americano "Uma Vida Roubada" de 1946.
Nos créditos de encerramento da novela, a rede portuguesa SIC (na qual a Globo detinha 15% das ações) foi creditada como coprodutora. Especulou-se na época que foi uma estratégia da Globo para exibir a trama na rede que foi inaugurada em 1992. Uma vez que a Globo tinha um contrato de exclusividade com a RTP, concorrente da SIC, para a exibição de novelas até 1994.
Originalmente, foi em 1990 que Ivani Ribeiro pretendia fazer um remake da novela de 1973, mas desistiu pela insatisfação com O Sexo dos Anjos, sua novela anterior. Voltou atrás quando a Globo a escalou no ano seguinte para suceder em 1992, originalmente, Felicidade. Mas a obra foi adiada por mais um ano devido a gravidez de Glória Pires. E Despedida de Solteiro sucedeu Felicidade. A trama de Ivani então, sucedeu a de Walther Negrão.
Além da novela de 1973, a autora decidiu inserir elementos de O Espantalho, outra novela sua, como uma trama paralela. Desta, veio a trama do prefeito Breno (Daniel Dantas), que trava uma guerra com o o seu cunhado e vice-prefeito, pela preservação ambiental da praia da cidade. Onde o vice-prefeito, para prejudicar Breno e conseguir seu objetivo de aumentar o turismo em seu hotel, coloca espantalhos na praia para simbolizar o prefeito e desmoralizá-lo. Os personagens desta novela foram reaproveitados no remake com novos nomes.
A personagem Malu (Vivianne Pasmanter) surgiu originalmente em O Espantalho, com o nome Zilá (Carmen Monegal). Mas seu perfil foi modificado no remake. Enquanto Zilá era uma vilã, Malu era apenas rebelde e debochada.
Curiosamente, a cidade cenográfica da novela em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, foi erguida antes do adiamento da obra. Então, uma parte dela foi aproveitada por Despedida de Solteiro. Esta cidade contou com um recurso de efeitos especiais inéditos, onde foi possível recordar imagens gravadas por chromakey. Cenas externas foram gravadas em Angra dos Reis e em Tarituba, no litoral sul do estado. Para o lar da família Assunção, foi alugada uma casa no Alto da Boa Vista. E uma propriedade em Massambará, distrito de Vassouras, que havia sido usada anteriormente para gravar cenas de O Salvador da Pátria, foi usada para ambientar a fazenda de Virgílio (Raul Cortez.
As cenas da lua de mel de Raquel (Glória Pires) e Marcos (Guilherme Fontes) em Nova York foram feitas em vários pontos famosos do local. A filha de Glória, Cleo, ainda criança, apareceu em uma das cenas patinando no gelo. Pois a atriz havia levado seu marido, Orlando Moraes, e suas filhas junto na viagem.
Para o papel de Tonho da Lua, foram cotados três atores: Marcos Frota, Eduardo Moscovis e Irving São Paulo. O primeiro ficou com o papel e os outros dois ficaram com outros personagens. Dois atores da primeira versão estiveram no elenco da segunda: Carlos Zara que viveu Marcos na versão original, interpretou Zé Pedro no remake. Serafim Gonzalez, que viveu Alemão no original, interpretou Garnizé no remake. Serafim e seu filho Daniel Gonzalez eram os responsáveis por fazer as esculturas de areia de Tonho da Lua e chegavam a fazer quatro esculturas por dia. Marcos Frota apenas finalizava as esculturas em cena.
Para as cenas em que Ruth e Raquel contracenavam juntas, a Globo comprou equipamentos importados e contou com a participação da atriz Graziela de Laurentis como dublê de Glória Pires. Nessas cenas, Glória Pires gravava como uma das gêmeas no cenário real e depois as regravava como a outra gêmea em um cenário que recriava o anterior completamente em chromakey. Câmera e mobília precisavam ficar milimetricamente posicionados para a cena ficar realista.
Dayse Tenório viveu a governanta Alice e gravou algumas cenas, mas morreu em 21 de janeiro de 1993, antes da novela estrear. Para substituí-la, foi criada outra personagem governanta, Diva, interpretada por Carmem Mello. Evandro Mesquita, intérprete de Joel (personagem que surgiu em O Espantalho) foi afastado da trama em determinado momento. Ivani Ribeiro não havia gostado do tom cômico que o ator deu ao personagem, que tinha atitudes de vilão. Oscar Magrini foi escalado para substituí-lo, interpretando Vitor, como interesse amoroso de Tônia (Andréa Beltrão).
Duas mortes misteriosas foram inseridas na trama. O de Wanderley (Paulo Betti), assassinado, e o de Virgílio, que morreu de enfarto ao se assustar por ver uma pessoa fantasiada de espantalho. O primeiro foi reaproveitado da versão original e o segundo, foi uma releitura de uma cena de O Espantalho, onde Rafael (Jardel Filho), personagem correspondente a Virgílio, morre assassinado por alguém vestido de espantalho. Ao final, foi revelado que a assassina de Wanderley foi Vilma (Denise Milfont). E o espantalho misterioso que matou Virgílio foi Tônia. Também foi revelado que o acidente que quase matou Raquel foi provocado por César (Henri Pagnoncelli).
A abertura foi estrelada então modelo Mônica Carvalho, que aparecia nua e duplicada. Personificando água e areia para simbolizar a dualidade das gêmeas da drama. Para simular areia em cena, foi usada farinha de mandioca. Uma versão sem créditos foi exibida no Fantástico antes da estreia. Anos mais tarde, a Salt Cover, canal do YouTube que brinca com vinhetas de emissoras, fez uma sátira da abertura chamada "Colheres de Areia".
As gêmeas Bia e Branca Feres, ainda crianças, interpretaram Ruth e Raquel na infância. Futuramente, as duas se tornaram conhecidas esportistas de nado sincronizado.
A novela fez um grande sucesso entre o público, chegando a alcançar 50 pontos de audiência em diversos capítulos. E até a ultrapassar os índices do horário das 19h. A imprensa chegou a noticiar que a emissora cogitava remanejar a novela para às 19h devido ao seu sucesso, o que nunca aconteceu. Ivani Ribeiro aproveitou uma campanha que a Globo promovia na época para a prevenção da cólera, para abordar o assunto na trama e conscientizar o público sobre a poluição das águas.
Reprises
A primeira reprise no Vale a Pena Ver de Novo foi ao ar entre 25 de novembro de 1996 e 25 de abril de 1997, em 110 capítulos, sucedendo Meu Bem, Meu Mal e antecedendo A Viagem. Na ocasião, os créditos foram remanejados e efeitos de areia e água foram usados para cobrir os seios de Mônica Carvalho para amenizar sua nudez e se adequar ao horário da tarde. Marcou 28,27 Pontos de média geral de audiência.
A segunda reprise na faixa foi ao ar entre 12 de setembro de 2011 e 9 de março de 2012, em 129 capítulos, sucedendo O Clone e antecedendo Chocolate com Pimenta. Mais uma vez, abertura passou por modificações, ganhando tarjas laterais e um efeito de desfoque para diminuir a nudez da modelo e evitar problemas com classificação indicativa. Marcou 15,64 Pontos de média geral.
A terceira reprise na Globo foi ao ar às 14h45 em Edição Especial, entre 26 de junho de 2023 e 15 de março de 2024, em 188 capítulos, sucedendo Chocolate com Pimenta e antecedendo Cheias de Charme. A abertura passou novamente por modificações para atenuar a nudez, que apareceu borrada. Marcou 12,56 Pontos
No Viva, foi reprisada na íntegra entre 29 de fevereiro e 21 de outubro de 2016 na faixa das 15h30, sucedendo Despedida de Solteiro (sua antecessora original) e antecedendo A Gata Comeu. Em 29 de fevereiro a 21 de outubro de 2016.