O Dono do Mundo foi a 44ª novela das 20h da Globo. Escrita por Gilberto Braga, com colaboração de Leonor Bassères, Ricardo Linhares, Sérgio Marques e Ângela Carneiro, direção de Dennis Carvalho, Ricardo Waddington, Mauro Mendonça Filho e Ivan Zettel, e direção geral de Dennis Carvalho. Exibida entre 20 de maio de 1991 a 4 de janeiro de 1992, em 198 capítulos, sucedendo Meu Bem, Meu Mal e antecedendo Pedra sobre Pedra.
Com Antônio Fagundes, Malu Mader, Fernanda Montenegro, Glória Pires, Kadu Moliterno, Ângelo Antônio, Letícia Sabatella e Nathalia Timberg nos papéis principais.
Enredo[]
Felipe Barreto (Antônio Fagundes) é um renomado cirurgião plástico casado com Stella (Glória Pires), filha de um rico empresário. Porém, antiético, sente uma atração por Márcia (Malu Mader), uma professora suburbana, noiva de um funcionário. Ficando mais louco de desejo ao saber que ela é virgem. Apostando com um amigo, durante o casamento dela, que tiraria a virgindade da moça antes do noivo dela.
Após o matrimônio, Felipe oferece ao recém-casal uma lua de mel no Canadá, e lá ele arma para seduzir a moça e comsegue levá-la para a cama antes da noite de núpcias. Quando o marido de Márcia descobre a traição, fica desnorteado e morre ao bater com o carro. A partir de então, a vida de Márcia desmorona, sendo abandonada por todas, responsabilizada pela tragédia e até expulsa de casa pela família. Por tudo isso, a professora passa a se dedicar a tramar uma grande vingança contra Felipe.
Com a ajuda da cafetina de luxo Olga (Fernanda Montenegro), que sabe dos segredos do passado de Felipe e sua família, Márcia consegue se infiltrar entre os poderosos e executa sua vingança, colocando o médico na cadeia. Porém, no meio do caminho, acaba se apaixonando pelo homem sem escrúpulos.
Elenco[]
Intérprete | Personagem |
---|---|
Antônio Fagundes | Felipe Barreto |
Malu Mader | Márcia Nogueira |
Glória Pires | Stella Maciel Barreto |
Fernanda Montenegro | Olga Portela |
Kadu Moliterno | Rodolfo Mendes Garcia |
Letícia Sabatella | Taís Arruda Camargo |
Ângelo Antônio | Guilherme Nogueira (Beija-Flor) |
Nathália Timberg | Constância Eugênia Barreto |
Stênio Garcia | Herculano Maciel |
Maria Padilha | Karina Dumont (Karen) |
Ana Rosa | Nancy Nogueira |
Daniel Dantas | Júlio Dumont |
Paulo Gorgulho | Otávio |
Cláudio Corrêa e Castro | Vicente Arruda |
Beatriz Lyra | Almerinda Arruda |
Hugo Carvana | Lucas Veronese |
Paulo Goulart | Altair Barreto |
Odete Lara | Ester Veronese |
Antônio Calloni | William Camargo |
Daniella Perez | Yara Maciel |
Marcelo Serrado | Umberto Nogueira |
Antônio Grassi | Darci Nogueira |
Betty Gofman | Gilda Arruda |
Alexia Dechamps | Liliane |
Maria Helena Pader | Irene |
Tássia Camargo | Terezinha de Jesus |
Jacqueline Laurence | Zoraide |
Jorge Pontual | Alfredo Soares (Xará) |
Jonathan Nogueira | Paulo Mendes Dumont (Paulinho) |
Yaçanã Martins | Judite |
Susana Ribeiro | Isabel |
Betty Erthal | Aracy |
Otávio Muller | Arlindo |
Chico Díaz | Durval |
Leandro Figueiredo | Marcelo Dumont |
Rodrigo Mendonça | Germano |
Jairo Mattos | Fernando |
Aloísio de Abreu | Waldir |
Jairo Lourenço | Ismael |
Fernanda Young | Jurema |
Participações especiais[]
Intérprete | Personagem |
---|---|
Tadeu Aguiar | Walter |
Tuca Andrada | Ladislau (Russo) |
Lucinha Lins | Vanda |
Jece Valadão | Tabajara |
Nildo Parente | Alceu |
Mara Carvalho | Beatriz |
Cristina Galvão | Celeste |
Cláudia Magno | Flavia Araripe |
Betina Vianny | Mariana |
Dennis Carvalho | Rubens |
Paula Burlamaqui | Cléo |
Paulo Figueiredo | Tavares |
Ary Coslov | Sálvio |
Isadora Ribeiro | Dóris |
Milton Moraes | Lopes Rezende |
Lúcio Costa | Lauro |
Jandir Ferrari | Miro (Valdomiro) |
John Herbert | Hernandes |
João Signorelli | Pinta (Gustavo) |
Angelita Feijó | Regininha |
Ivan Cândido | Adolfo |
Renato Aragão | Ele mesmo |
Dedé Santana | Ele mesmo |
Mussum | Ele mesmo |
Kate Lyra | Cliente de Felipe Barreto |
Cristina Ribeiro | Jacira |
Tony Ferreira | Moraes |
Marina Miranda | Zuleica |
Dayse Tenório | Eva |
Constância Lavíola | Leila |
Produção[]
Após Vale Tudo (1988), Gilberto Braga desenvolveu mais uma novela que discutia a ética e a moral das pessoas. Porém, ao contrário da trama anterior, esta teve dificuldades de conquistar o público e boa audiência. Parte dos telespectadores, na época, ficaram mais interessados na novela mexicana Carrossel, exibida no SBT e que chegava a incomodar a Globo em audiência. O autor chegou a admitir em entrevistas que "pesou a mão" na crítica social.
A história e o perfil dos personagens principais incomodou o público no início. Pesquisas de opinião apontavam a insatisfação dos telespectadores ao comportamento de Márcia, considerado incoerente com o perfil de uma mulher com curso superior (ela era professora). A ingenuidade dela, ao ser enganada por Felipe (Antônio Fagundes), foi um dos fatores que fez o público rejeitá-la. Também incomodou o fato de que, na sequência em que Felipe tira a virgindade de Márcia, foi ela quem bateu na porta do quarto do médico, após ele já ter desistido de seduzi-la devido a tentativas fracassadas de conseguir o que desejava. Ou seja, para o público, foi Márcia quem escolheu ficar com Felipe e trair o noivo.
As pesquisas também apontaram que o público não aguentava Felipe sempre se dando bem. Embora os telespectadores gostassem do personagem e pareciam não ficar indignados com as maldades dele, muito por conta da atuação de Antônio Fagundes. Porém, o personagem causou protestos de cirurgiões médicos pela sua falta de ética. Também ocorreram protestos contra a personagem Vanda (Lucinha Lins) que publicava notícias falsas em colunas sociais. Gerando um manifesto do Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas do Rio de Janeiro. O prefeito de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, incentivou moradores a enviarem cartas à Globo por mostrar a cidade como um local assolado por vermes e dengue, uma vez que o local era citado na trama.
Por conta da rejeição inicial, Gilberto Braga teve que fazer reformulações na trama e chamou Silvio de Abreu para lhe ajudar a dar mais agilidade no enredo e mudar o perfil de alguns personagens. Márcia, que começou trajando vestidos de algodão, passou a usar calça jeans e camiseta. Já Felipe, passou por um processo de regeneração, deixando se ser vilão e se mostrando apaixonado por Márcia. Estas mudanças fizeram a audiência subir. Mas, na reta final, foi revelado que Felipe continuou canalha e que tudo era um plano dele. A esta altura, a novela já tinha conquistado o público.
Antônio Fagundes gravava a novela no mesmo período em que trabalhava na série Mundo da Lua na Cultura. Para conciliar os dois trabalhos, Fagundes gravava a novela na segundas, terças e quartas no Rio de Janeiro; e a série nas quintas, sextas e sábado. Por causa de tanto trabalho, o ator chegou até a ter um pequeno problema cardíaco, o que fez com que precisasse de um tempo de repouso.
Uma rede de hospitais particulares convidou Antônio Fagundes para ser o garoto-propaganda da marca, durante o momento em que seu personagem se "arrependia" de seus atos. Quando o personagem revelou que continuava inescrupuloso, a empresa fez outro anúncio com o ator se distanciando do personagem, para lembrar que a vida real era diferente do que era mostrado na novela.
O personagem Beija-Flor foi pensado para ser interpretado por Felipe Camargo. Porém, o ator não pôde aceitar o convite por problemas pessoais e o papel ficou com Ângelo Antônio. Mesmo assim, o papel foi bem aceito pelo público e teve seu papel modificado, deixando de se envolver com criminosos, fazendo-o ser usado pela Associação Brasileira de Marketing como garoto propaganda de uma campanha pela honestidade. O apelido foi inspirado na música "Codinome Beija-Flor" composta Cazuza, e o personagem usava uma camiseta da sociedade Viva Cazuza.
Foi nesta novela que Ângelo Antônio e Letícia Sabatella, cujos personagens faziam par na ficção, se conheceram. Eles foram casados entre 1991 e 2003 e tiveram uma filha.
A produção ficou marcada por momentos de improviso involuntário, causados por pequenos acidentes. Em uma cena em que Olga (Fernanda Montenegro), William (Antonio Calloni) e Taís (Letícia Sabatella) conversavam, uma lâmpada de abajur no cenário próxima aos personagens explodiu. Assustando Sabatella e Calloni que perderam a concentração. Para evitar que a cena parasse e fosse gravada, Fernanda Montenegro seguiu na personagem e improvisou tentando acalmar os atores. Em certo momento, ela chamou por uma empregada chamada Aracy para arrumar a bagunça causada pela lâmpada. Porém essa personagem não existia até então. Gilberto Braga elogiou o desempenho de Fernanda com o ocorrido e criou a personagem Aracy, interpretada por Betty Erthal
Outro momento de improviso foi em uma cena em que Constância (Nathalia Timberg) e Karen (Maria Padilha) conversavam. Quando Timberg se encostou no sofá, ela escorregou e quase caiu, sendo segurada por Karen. A atriz não se abalou e até deu risada da situação, mantendo-se na personagem e seguindo com a cena.
A casa cenográfica onde moravam Constância Lucas (Hugo Carvana) e Ester (Odete Lara) foi construída por inteiro, com área externa e interna. Para evitar o clássico processo de gravar cenas externas em uma fachada e internas em um estúdio.
A abertura da novela se destacava por simplesmente exibir a icônica cena do filme "O Grande Ditador" de Charles Chaplin, onde o ator brincava com um globo terrestre. Efeitos especiais feitos pela equipe de Hans Donner fizeram com que o globo mostrasse imagens da então modelo Viviane Novaes. Houve dificuldade e demora para adquirir os direitos de imagem do filme e a Globo chegou a gravar uma versão própria da cena com Beto Simas imitando Chaplin, para exibir caso não conseguisse a cena original. Na abertura para a exibição internacional, apareceu apenas o globo flutuando sobre um fundo espacial. No Uruguai, a música original foi substituída por "Nós Dois" de Rosana.
A novela teve 198 capítulos escritos e 197 capítulos exibidos, já que os capítulos 7 e 8, exibido no dia 27/05/91, foram unidos num único capítulo.
Reprise[]
Foi reprisada na íntegra na faixa da 0h entre 27 de outubro de 2014 e 12 de junho de 2015, sucedendo Dancin' Days e antecedendo Fera Ferida. Um ano antes, a novela participou de uma enquete no site do canal para escolher a reprise que substituiria a de Rainha da Sucata. A trama foi a segunda mais votada e a vencedora foi Água Viva (1980), que também foi escrita por Gilberto Braga.
Em 3 de junho de 2024, foi disponibilizada na íntegra pelo Globoplay.