O Rei do Gado foi a 53ª novela das 20h da Globo. Escrita por Benedito Ruy Barbosa, com colaboração de Edmara Barbosa e Edilene Barbosa. Direção de Luiz Fernando Carvalho, Carlos Araújo, Emilio Di Biasi e José Luiz Villamarim, e direção geral e núcleo de Luiz Fernando Carvalho. Exibida entre 17 de junho de 1996 e 14 de fevereiro de 1997, em 209 capítulos, sucedendo O Fim do Mundo e antecedendo A Indomada.
Com Antônio Fagundes, Patricia Pillar, Raul Cortez, Glória Pires, Fábio Assunção, Lavínia Vlasak, Silvia Pfeifer, Oscar Magrini, Carlos Vereza e Stênio Garcia nos papéis principais.
Enredo[]
Por causa de uma cerca nos limites das propriedades, as famílias vizinhas Mezenga e Berdinazzi viviam uma guerra sem precedentes. Mas essa rivalidade não foi capaz de impedir o amor dos jovens Enrico Mezenga (Leonardo Bricio) e Giovanna Berdinazzi (Letícia Spiller). Os dois, proibidos pelas famílias de ficarem juntos, casam-se e fogem juntos. Da união, nasce Bruno, nome dado por Giovanna ao seu irmão que foi morto na guerra.
Anos depois, Bruno Mezenga (Antônio Fagundes) cresce e se transforma em dos maiores criadores de gado do país, passando a ser conhecido como o "Rei do Gado". Ele nunca conheceu seus parentes por parte de mãe, sabendo do ódio entre as famílias. Tem conhecimento apenas de um tio, Geremias Berdinazzi (Raul Cortez), um senhor solitário que se tornou um rico fazendeiro e sonha encontrar uma sobrinha que nunca conheceu, para deixar a ela toda a sua herança.
As vidas dos dois homens mudam com a chegada de duas mulheres: Marieta (Glória Pires), a suposta sobrinha de Geremias e Luana (Patrícia Pillar), uma boia-fria misteriosa por quem Bruno se apaixona. O "Rei do Gado" vive um casamento fracassado com Léia (Silvia Pfeifer), que trai ele com o gigolô sem caráter Ralf. Bruno e Léia tem dois filhos, Lia (Lavínia Vlasak) e Marcos.
Elenco[]
Intérprete | Personagem |
---|---|
Antônio Fagundes | Bruno Berdinazzi Mezenga |
Antonio Mezenga (1ª fase) | |
Raul Cortez | Geremias Berdinazzi |
Patricia Pillar | Luana Berdinazzi / Marieta Berdinazzi |
Glória Pires | Rafaela Berdinazzi / Marieta Berdinazzi (falsa) |
Fábio Assunção | Marcos Mezenga / Marcos Rezende Bernardo Filho |
Sílvia Pfeifer | Léia Mezenga |
Lavínia Vlasak | Lia Mezenga |
Carlos Vereza | Senador Roberto Caxias |
Mariana Lima | Liliana Caxias |
Stênio Garcia | Zé do Araguaia |
Bete Mendes | Donana |
Guilherme Fontes | Otávio Rangel (Tavinho) |
Oscar Magrini | Ralf Tortelli |
Jackson Antunes | Regino Pereira |
Ana Beatriz Nogueira | Jacira Pereira |
Almir Sater | Aparício (Pirilampo) |
Sérgio Reis | José Bento de Souza (Saracura) |
Walderez de Barros | Judite |
Ana Rosa | Maria Rosa Caxias |
Arieta Corrêa | Chiquita |
Leila Lopes | Suzane Maia |
Luiz Parreiras | Orestes Couto Maia |
Iara Jamra | Lurdinha |
Luciana Vendramini | Marita |
Rogério Márcico | Olegário Rangel |
Jairo Mattos | Dr. Fausto Tavares |
Mara Carvalho | Profª. Bia |
Maria Helena Pader | Júlia |
Paulo Coronato | Dimas |
Antônio Pompêo | Dominguinhos |
Cosme dos Santos | Formiga |
Amilton Monteiro | Detetive Clóvis Rezende |
Adenor de Souza | Lupércio |
Paulo Gabriel | Uerê’é / Rafael |
Participações especiais[]
Intérprete | Personagem |
---|---|
Tarcísio Meira | Giuseppe Berdinazzi |
Vera Fischer | Helena Mezenga (Nena) |
Eva Wilma | Marieta Berdinazzi |
Letícia Spiller | Giovanna Berdinazzi |
Leonardo Bricio | Enrico Mezenga |
Caco Ciocler | Geremias Berdinazzi (jovem) |
Marcello Antony | Bruno Berdinazzi |
Manoel Boucinhas | Giácomo Guilherme Berdinazzi |
Cláudio Corrêa e Castro | Tony Vendacchio |
Emílio Orciollo Netto | Giuseppe Berdinazzi Neto |
José Augusto Branco | Delegado Josimar |
Tadeu di Pietro | Delegado Valdir |
Michel Bercovitch | Dr. Mário Gomide |
Francisco Carvalho | Mauriti |
Lucélia Machiavelli | Geni |
Paulo Goulart | juiz no caso de Marcos |
Regina Dourado | Magu |
Renato Master | Delegado Bordon |
Chica Xavier | Madre Luzia |
Carlos Takeshi | Olavo |
Cyria Coentro | Maria da Luz |
Ilva Niño | Joana, mãe de Maria da Luz |
Neusa Borges | Marta |
Cláudio Amado | Tonico Vendacchio |
Hélio Cícero | Dr. Walfrido |
Liana Duval | Quitéria |
Roney Villela | Genivardo |
Hélio Ribeiro | Maurício |
Duda Mamberti | Matias |
Guilherme Corrêa | Joel |
Marcos Oliveira | Tonico |
Cláudio Tovar | Fernardinho |
Genésio de Barros | líder dos sem-terra |
Gésio Amadeu | sem-terra cantor |
Clemente Viscaíno | deputado, amigo de Caxias |
Dan Stulbach | repórter |
Ivan de Almeida | caminhoneiro |
Maria Ribeiro | prostituta |
Armando Valsani | cantor |
Átila Iório | Honorato, caiçara |
Bia Montez | enfermeira de Geremias |
João Bourbonnais | corretor |
Vanusa Spindler | secretária da corretora |
Adilson Barros | motorista da fazenda de cana |
Luiz Serra | fazendeiro |
Malu Valle | apresentadora de TV |
Luiz Baccelli | oficial |
Nelson Baskerville | repórter |
Altamiro Martins | tabelião |
Celso Frateschi | motorista |
Tácito Rocha | promotor |
Paulo Tiefenthaler | gerente de banco |
Walter Breda | cliente de Tonico Vendacchio |
Luiz Baccelli | oficial do Exército |
Henrique Lisboa | carteiro |
Ken Kaneco | japonês |
Sérgio Milleto | Dr. Arnaud |
Luísa Fiori | Gema |
Síria Betti | Inês, mãe de Gema |
Chico Expedito | Pedro Chiaramonte |
Flavio Antônio | Dr. Castanho |
Beto Bellini | jagunço |
David Y Pond | líder do grupo extremista japonês |
Antônio Castiglioni | Bruno Mezenga (criança) |
Roberto Carlos | ele mesmo |
Edmilson Capelupi | ele mesmo |
Roberto Losan | ele mesmo |
Benedita da Silva | ela mesma |
Eduardo Suplicy | ele mesmo |
Produção[]
Inicialmente concebida para exibição em 1995, sucedendo A Próxima Vítima, a Globo queria que Benedito Ruy Barbosa retirasse os personagens italianos da trama temendo uma rejeição do público, por A Próxima Vítima também ter personagens italianos. O autor se recusou a fazer as mudanças, alegando que eles eram importantes para o enredo. Além disso, Luiz Fernando Carvalho, confirmado para a direção, declinou do convite por conta de outros compromissos e sugeriu Herval Rossano para o cargo. A rede também sugeriu que a trama fosse gravada no Projac ou em uma locação menos distante que o Rio Araguaia.
Por conta do impasse entre emissora e autor, a novela foi adiada para o ano seguinte. E com isso, Luiz Fernando Carvalho pôde dirigi-la. A princípio, estrearia em maio de 1996 sucedendo Explode Coração, mas como os primeiros capítulos não ficaram prontos a tempo e com a recusa de Glória Perez em esticar a sua novela (para assumir compromissos decorrentes do julgamento dos acusados pelo assassinato de sua filha, Daniella Perez em 1992), a Globo escalou O Fim do Mundo, que seria uma minissérie, para o horário até que a trama de Benedito Ruy Barbosa ficasse pronta a tempo.
Durante a preparação de elenco, Patrícia Pillar conviveu com cortadores de cana-de-açúcar durante dez dias. Ela e Letícia Spiller tiveram ensaios com a atriz e bailarina Gisela Rodrigues. Leonardo Brício, Caco Ciocler, Manuel Boucinhas e Marcello Antony foram para a região de Amparo, em São Paulo, onde passaram por um laboratório coordenado pelo diretor Emílio de Biase, tendo aulas com colonos locais sobre atividades como montaria, cavalgagem e colheita do café.
As gravações começaram em fevereiro de 1995. Serviram como locação, cinco fazendas em cidades de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Além das paisagens da região do Araguaia, onde ficava uma das fazendas de Bruno Mezenga (Antônio Fagundes). Nas cenas que se passavam durante a Segunda Guerra Mundial, na primeira fase, foram gravadas cenas na Itália, na cidade de Craco, filmadas em película 16 mm em preto-e-branco. Além de cenas na comuna italiana Guardia Perticara e no monumento dos pracinhas brasileiros, na Toscana.
A primeira fase da trama foi dirigida por Luiz Fernando Carvalho sozinho e levou três meses para ficar pronta. Para reforçar seu estilo cinematográfico, contou com a fotografia de Walter Carvalho. O diretor se inspirou no estilo da pintura italiana se do final do século XIX até a era romântica para o colorismo das cenas. A equipe de maquiagem, supervisionada por Isabel Arbizu, fez um curso com Ve Neill, maquiadora de Hollywood que foi indicada ao Oscar em 1993. Personagens que trabalavam na terra apareciam com a pele queimada pelo Sol e endurecida. A maquiadora internacional recebeu fotos dos atores em close para estudar suas medidas, e assim, chegar ao brasil para treinar os profissionais com o material usado.
Antônio Fagundes viveu avô e neto na primeira e segunda fase da trama, respectivamente. Como foi prometido que teria um intervalo de gravação de um mês entre uma fase e outra, Fagundes esperava emagrecer para a segunda fase pois engordou para a primeira. Mas o intervalo de gravação entre as fases durou apenas doze horas.
Estreou dois meses após a morte de 19 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás, no Pará, conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás. Abordou, pela primeira vez em novelas, temas como a reforma agrária e o MST (Movimento dos Sem-Terra). O então presidente do MST, João Pedro Stédile disse na época que a trama ajudou a população a enxergar os manifestantes de uma maneira diferente. A produção fez com que Benedito Ruy Barbosa fosse convidado para representar o Brasil em um congresso internacional de teledramaturgia em Berlim, na Alemanha, onde discursou sobre o tema.
Em contrapartida, a trama recebeu críticas de políticos pela forma como os parlamentares eram retratados. Em uma das cenas o personagem Senador Caxias (Carlos Vereza) fez um discurso sobre os sem-terra e no plenário havia apenas três senadores, que sequer davam atenção ao que era dito. Um cochilava, um lia jornal e o outro falava ao celular. No dia seguinte a exibição dessa cena, então senador Ney Suassuna foi à tribuna do Senado protestar contra a novela. A cena do velório do personagem de Carlos Vereza contou com a participação de políticos da vida real: os então senadores Eduardo Suplicy e Benedita da Silva, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT).
Por pouco, Ana Rosa não deixou o elenco. Uma vez que a atriz ainda vivia o luto por sua filha, que faleceu em 1995. Glória Pires manifestou frustração com a personagem que recebeu. Segundo a atriz, o papel não foi o que esperava.
Além dos prêmios nacionais, recebeu o Certificado de Honra ao Mérito no San Francisco International Film Festival. A primeira fase foi editada na minissérie Giovanna e Enrico e ganhou como hors-concours no Festival Banff, do Canadá.
O primeiro álbum da trilha sonora, lançado em julho de 1996, tornou-se a trilha de novela com mais vendas da história, com mais 2.122.093 cópias vendidas. Também foi lançado um segundo álbum em um outubro do mesmo ano, com canções cantadas pela dupla sertaneja fictícia da trama, Pirilampo & Saracura, interpretados respectivamente por Almir Sater e Sérgio Reis. Este, teve 937.186 cópias. Os dois discos juntos, ultrapassaram a marca de 3 milhões de vendas.
Reprises[]
A primeira reprise no Vale a Pena Ver de Novo foi ao ar entre 15 de março e 13 de agosto de 1999, em 110 capítulos, sucedendo Quatro por Quatro e antecedendo A Indomada (sua sucessora na exibição original). Marcou 23,27 Pontos de média de audiência. A segunda foi escalada para comemorar o aniversário de 50 anos da Globo e exibida entre 12 de janeiro e 7 de agosto de 2015, em 150 capítulos, sucedendo Cobras & Lagartos e antecedendo Caminho das Índias. Marcou 17,44 Pontos.
A terceira reprise na faixa foi ao ar entre 7 de novembro de 2022 e 2 de junho de 2023, em 144 capítulos, sucedendo A Favorita e antecedendo Mulheres Apaixonadas. O primeiro anúncio da reprise foi ao ar no intervalo do último capítulo de Pantanal e sua reexibição foi escalada como uma tentativa de atrair o público masculino dos jogos da Copa do Mundo, que aconteceu quando a novela esteve no ar. O plano era que fosse exibida após os jogos da seleção brasileira. Mas desistiram da ideia temendo que desse mais audiência que a inédita Travessia, então deixou de ser exibida nos dias dessas partidas. A abertura foi reeditada na proporção 16:9 e a inserção do logo foi refeita. Marcou 17,28 Pontos de média de audiência.
No Viva, foi reprisada na faixa das 16h30, na íntegra, entre 9 de fevereiro a 28 de novembro de 2011, sucedendo Por Amor e antecedendo Barriga de Aluguel.
Em 29 de novembro de 2021, foi disponibilizada na íntegra pelo Globoplay. Anteriormente, a novela estava disponível apenas na versão editada da reprise de 2015 do Vale a Pena Ver de Novo.