Roda de Fogo foi a 36ª novela das 20h da Globo. Escrita por Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, com direção de Dennis Carvalho e Ricardo Waddington, direção executiva de Paulo Ubiratan, direção geral de Dennis Carvalho e supervisão de Daniel Filho. Exibida entre 25 de agosto de 1986 e 21 de março de 1987, em 179 capítulos, sucedendo Selva de Pedra e antecedendo O Outro.
Com Tarcísio Meira, Bruna Lombardi, Renata Sorrah, Cecil Thiré, Eva Wilma, Osmar Prado, Felipe Camargo, Isabela Garcia, Mayara Magri e Paulo Goulart nos papéis principais.
Enredo[]
Renato Villar (Tarcísio Meira) é um rico empresário frio e inescrupuloso que, após participar do assassinato de um amigo que punha em risco sua reputação e descobrir um dossiê de irregularidades em uma de suas empresas, tenta resolver seus problemas com Mário Liberato (Cecil Thiré). Um homem perigoso e que é seu advogado. Renato se aproxima se aproxima da incorruptível juíza Lúcia Brandão (Bruna Lombardi), que está cuidando de seu caso, com o propósito de seduzi-la. Mas os dois acabam se apaixonando verdadeiramente. Fazendo a juíza viver um dilema ético.
Tudo muda quando Renato é diagnosticado com um tumor cerebral, que lhe traz fortes dores de cabeça, e que o deixa com poucos dias de vida. Isso faz com que ele mude completamente seu comportamento, passando por um processo de remissão. Ele deixa sua esposa Carolina (Renata Sorrah), para assumir seu amor com Lúcia. Ele vivia um casamento de conveniência com Carolina, embora ela sempre fosse apaixonada por ele. Renato também tenta se aproximar de seu filho renegado Pedro (Felipe Camargo), que nasceu de um relacionamento no passado com a ex-guerrilheira Maura Garcez (Eva Wilma), e luta para conquistar o amor dele.
Em sua jornada, Renato começa um objetivo de eliminar todos os líderes do alto escalão de suas empresas, que o traíram. Dando início a uma trama assassinatos, conflitos e uma incessante disputa pelo poder.
Elenco[]
Intérprete | Personagem |
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Tarcísio Meira | Renato Villar |
Bruna Lombardi | Lúcia Brandão |
Eva Wilma | Maura Garcez |
Renata Sorrah | Carolina D`Ávila Villar |
Cecil Thiré | Mário Liberato |
Felipe Camargo | Pedro Garcez Villar |
Isabela Garcia | Ana Maria D'Ávila |
Paulo Goulart | Juiz Marcos Labanca |
Joana Fomm | Telma Rezende |
Osmar Prado | Tabaco da Silva |
Mayara Magri | Helena D'Ávila Villar |
Yara Côrtes | Joana Garcez |
Percy Aires | General Hélio D'Avila |
Paulo Castelli | Felipe D'Avila |
Hugo Carvana | Paulo Costa |
Carlos Kroeber | Werner Benson |
Cássio Gabus Mendes | Celso Rezende Júnior |
Lúcia Veríssimo | Laís Brandão |
Ivan Cândido | Anselmo Santos |
Cláudia Magno | Vera Santos |
Jayme Periard | Roberto Labanca |
Rodolfo Bottino | Gilberto |
Mário Lago | Antônio Villar |
Sílvia Bandeira | Alice |
Gilberto Martinho | Gilson Góes |
Marta Overbeck | Dra. Beatriz |
Cláudia Alencar | Patativa |
Nelson Dantas | Dr. Moisés Rodrigues |
Inês Galvão | Bel |
Carla Daniel | Marlene |
Carlos Vergueiro | Fernando Brandão |
Cláudio Curi | Jacinto Donato |
Cristina Sano | Fátima Pires |
Beth Berardo | Nazaré |
Walter Mattesco | Milton |
Participações Especiais[]
Intérprete | Personagem |
---|---|
Paulo José | Celso Rezende |
Martha Overbeck | Dra. Beatriz |
Regina Macedo | Angelina |
Jandira Martini | Filomena Liberato |
Rosi Campos | Miriam |
Geraldo Carbutti | Josias |
Denny Perrier | Sandro |
Denis Derkian | João Otávio |
Ivan Senna | Luís Otávio |
José de Abreu | Adauto |
Cláudia Costa | Elvira |
Renato Coutinho | Dr. Spilman |
Hemílcio Fróes | Padre |
Junior Prata | Médico da família Villar |
Marcos Palmeira | Rapaz que socorre Renato |
Carlo Briani | Psiquiatra de Maura |
Produção[]
Tento "Prova de Fogo" como título provisório, apesar da abertura creditar como uma novela de Lauro César Muniz, a sinopse foi desenvolvida por Marcílio Moraes e a ideia inicial foi elaborada pelos autores da Casa de Criação Janete Clair: Dias Gomes, Ferreira Gullar, Euclydes Marinho, Luiz Gleiser, Joaquim Assis, Marília Garcia e Antônio Mercado. Por Marcílio ainda ser inexperiente como autor, a Globo chamou Muniz para ser o titular da obra e Marcílio se torou co-autor.
Segundo Marcílio Moraes, Lauro César Muniz fez algumas modificações na história. Fazendo com que os primeiros capítulos não agradassem a direção da Globo. Marcílio, então, baseou-se em sua sinopse original e escreveu um novo primeiro capítulo, que agradou a emissora, e se tornou o ponto de partida da história.
O primeiro capítulo contou com cenas gravadas em Brasília. A mansão da família Villar ficava Estrada da Gávea Pequena, 1077, no Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro. Uma residência que serviu de locação para diversas outras novelas. Já a casa de praia de Renato (Tarcísio Meira), ficasva na Avenida Lúcio Costa, 15.646, no Recreio dos Bandeirantes.
A novela abordava o capitalismo e a corrupção. O Brasil da "Nova República" e os vestígios da Ditadura Militar. A trama contava com personagens que tinham ligações com o Regime do passado. Tais como o general reformado Hélio D´Avila (Percy Aires), o ex-torturador Jacinto (Cláudio Curi), e o ex-policial do Esquadrão da Morte Anselmo (Ivan Cândido). Além de Maura (Eva Wilma), uma ex-militante exilada que retornou ao Brasil, mas que ainda sofria com os distúrbios psicológico causados pelas torturas sofridas enquanto esteve presa.
Outro destaque, foi o vilão Mário Liberato (Cecil Thiré), cujo texto deixava implícito de que ele era homossexual e tinha um caso com Jacinto. Porém, desagradou entidades de defesa aos homossexuais por retratarem um homem gay como um vilão e tinha a sua sexualidade tratada de forma pejorativa por outros personagens. Em uma época em que parte do público costumava confundir intérprete e personagem, a atuação de Cecil foi tão convincente que muitas pessoas acreditaram que ele fosse homossexual na vida real.
A trama teve uma repercussão fraca em seu início. O motivo foi o protagonista. O público rejeitou ver Tarcísio Meira, que fazia constantes papéis de galã e mocinho, interpretando um vilão. A audiência e a recepção foram melhorando quando Renato Villar passou pela sua trajetória de redenção, devido a sua doença terminal, e a sua humanização. O personagem ficou popular e ganhou torcida para que ele não morresse. Uma pesquisa Datafolha com moradores da cidade de São Paulo, apontou que 65% dos entrevistados queria um final feliz para o protagonista, contra 32% daqueles que prefeririam que ele morresse.
Isso criou um impasse entre a direção da Globo e os autores, que consideravam que Renato deveria morrer no final da história. Pois foi revelado no início da trama que sua doença não tinha cura e foi prometido que ele iria morrer. No último capítulo, Renato foi dado como morto e fugiu com Lúcia (Bruna Lombardi) para uma ilha. Na cena final, o casal se abraça e ele desfalece, com foco na taça de vinho derrubada por ele. Deixando no ar se ele realmente morreu. A novela terminou com os filhos do protagonista, Pedro (Felipe Camargo) e Helena (Mayara Magri) se entendendo após muitos momentos de divergência. O que era um desejo de Renato.
Para este capítulo, as cenas de Lúcia e Renato foram gravadas em Ilha Grande, na costa de Angra dos Reis. A Globo comprou os direitos da música “Homeless” de Paul Simon e Joseph Shabalala especialmente para tocá-la no capítulo.
Originalmente, Juca de Oliveira interpretaria Celso Rezende, mas foi substituído por Paulo José. Lúcia Veríssimo foi demitida após metade da trama devido a constantes atrasos nas gravações. A justificativa para a saída de sua personagem, Laís, foi a de que ela viajou para o exterior para trabalhar como modelo.
O macacão branco usado pelo personagem Pedro foi inspirado no figurino do personagem Malcolm McDowell do filme "Laranja Mecânica". Com Hélio, os autores fizeram uma crítica caricata e irônica aos saudosos da Ditadura Militar. A inspiração para o personagem foi o ex-presidente João Figueiredo, o último do Regime.
Um advogado de Miracema, no Rio de Janeiro tentou na Justiça proibir a exibição da novela com uma petição. O motivo era a relação de Lúcia, uma juíza, com Renato. Segundo o advogado, isso ridicularizava o Poder Judiciário e a função de juiz.
No capítulo 163, exibido em 2 de março de 1987, uma segunda-feira de Carnaval, Antônio Villar (Mário Lago) cantou um trecho da música “Ai, Que Saudade da Amélia”, que foi composta pelo próprio Mário Lago em 1942 junto a Ataulfo Alves. Na época, o humorístico TV Pirata satirizou o logo da novela para uma trama satírica chamada "Fogo no Rabo". Porém a paródia do programa contava uma história completamente diferente da trama das 20h.
A música ""Pra Começar" de Marina Lima, presente na abertura em versão de estúdio, curiosamente não esteve presente na trilha sonora da novela e nem na discografia de Marina. Apenas a versão ao vivo, existente no álbum “Todas ao Vivo”, estava na trilha da produção. A cantora cantou esta versão em estúdio especialmente para a abertura e nunca foi lançada comercialmente. Apenas em 2018, que Marina Lima lançou uma nova versão em estúdio para o álbum "Novas Famílias".
Outro fato curioso sobre a trilha sonora foi que apenas três músicas tocaram dentro da novela. Todas as outras foram tocadas apenas nas partes das "cenas do próximo capítulo". A trilha incidental teve um maior espaço dentro da trama.
Reprise[]
Foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo entre 21 de maio a 6 de julho de 1990, em 34 capítulos, sucedendo Pão Pão, Beijo Beijo e antecedendo Sassaricando. Foi a reprise mais curta da história da faixa e teria sido uma estratégia da Globo escalar a novela, de maneira compacta, durante o período de Copa do Mundo para manter a audiência masculina que assistia aos jogos. Marcou 16,97 Pontos de média geral.
Chegou a ser anunciada pelo Viva para suceder Explode Coração na faixa das 23h30, mas foi trocada por A Indomada por supostas questões de estratégias. Em 26 de abril de 2021, foi disponibilizada quase na íntegra pelo Globoplay, faltando apenas o capítulo 90, que não pôde ser resgatado. Diante disso, o autor Marcílio Moraes disponibilizou em seu site pessoal o roteiro original deste capítulo. Para promover a novela, o streaming também disponibilizou a paródia "Fogo no Rabo" da TV Pirata.