TVPedia Brasil

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TV Rio foi uma emissora fluminense que tinha sede na capital Rio de Janeiro. Foi fundada pelo empresário João Batista do Amaral, o "Pipa", em junho de 1955. Fez parte das Rede de Emissoras Unidas, tendo liderado, juntamente com a TV Record de São Paulo, a rede homônima entre 1959 e 1967. Acabou falindo em 11 de abril de 1977.

História[]

Inicialmente concedido pelo governo federal à Rádio Mauá – emissora oficial do Ministério do Trabalho –, o canal 13 do Rio de Janeiro acabou nas mãos dos sócios Paulo Machado de Carvalho e João Batista do Amaral, sendo que este último já era o único dono quando a estação emitiu seus primeiros sinais de teste, em 18 de junho de 1955. Sua torre de transmissão foi colocada na Serra da Carioca, e os estúdios na Avenida Atlântica, no prédio onde ficava o Cassino Atlântico.[1]

Começou como uma emissora local, seguindo um estilo empresarial familiar. Não obstante as dificuldades financeiras e a precariedade das condições técnicas da época, manteve sempre programas líderes de audiência.[2]

Na inauguração, em 17 de julho, o locutor Luiz Mendes leu em off um texto de Moacyr Arêas e anunciou o início do Congresso Eucarístico Internacional, no Aterro do Flamengo, de onde o apresentador Murillo Neri passaria a comandar a transmissão. A 1ª imagem foi a Cruz de Cristo, símbolo do evento religioso. David Cohen realizou o espetáculo noturno no estúdio, com Anilza Leoni, Sargentelli, Murilo Mello Filho e Léo Batista, entre outros. Por ter criado na população o hábito de ver televisão, foi carinhosamente apelidada de “A Carioquinha”. A TV Rio compôs seu elenco com artistas da Rádio Mayrink Veiga, em sua maioria. Aos domingos, as famosas lutas de boxe levaram a emissora ao 1° lugar na audiência em 1956, com o programa “TV Rio Ring”. Outro destaque na época era o “Teatro Moinho de Ouro”. No mesmo ano, vindo de uma agência publicitária, ingressou na emissora o jovem Walter Clark que, com suas idéias, em pouco tempo traria um novo conceito de programação à tv brasileira. Numa segunda-feira de 1957, estreou “Noite de Gala” – um programa revolucionário que mesclava música, humor e reportagem, tendo ainda tornado famoso o apresentador Flávio Cavalcanti. A novidade de 1958 ficou por conta de “Preto no Branco” (conhecido em São Paulo no ano seguinte como “Pingo nos is”), no qual o convidado era entrevistado e ainda se submetia à berlinda pela cavernosa voz em off de Oswaldo Sargentelli. Sucesso na TV Paulista, a “Praça da Alegria” também passou a ser apresentada no Rio a partir de 1959, mesmo ano em que estreou outro recordista de audiência: o musical humorístico “Noites Cariocas”. Como integrante da cadeia das “Emissoras Unidas”, da qual também fazia parte a TV Record, em 1959, a TV Rio ligou-se por microondas com São Paulo – o que lhe permitia transmitir alguns programas e notícias ao vivo diretamente da capital paulista. Léo Batista e Heron Domingues comandaram o principal noticiário do canal 13: “Telejornal Pirelli”.[3]

Em 1962, a emissora viveu o apogeu com sua faixa nobre: às segundas: “Noite de Gala”; na terça: “Show Doçura com Moacyr Franco”; nas quartas: “Discoteca do Chacrinha”; na quinta: “Boa Noite Brasil”; na sexta: “Noites Cariocas”; no sábado: “O Riso é o Limite” e no domingo: “Chico Anysio Show”. Outros cartazes se tornaram companhia constante dos telespectadores da TV Rio: Nelson Rodrigues, Cid Moreira, Hilton Gomes, Luis Jatobá, Leon Eliachar, Antônio Maria, Silveira Sampaio, Don Rossé Cavaca, Sérgio Porto, Jô Soares, João Loredo, Maysa, Darlene Glória, Carlos Imperial, Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Esquema 63 TV RIO

Anúncio posto no jornal "O Globo" sobre o guia semanal da Tv Rio em 1963, chamado de "Esquema 63".

Em 1963, a TV Excelsior ofereceu melhores salários para contratar grande parte dos músicos e humoristas da TV Rio, desfalcando o elenco da linha de shows da “carioquinha”. Por isso, em 1964, a TV Rio passou a investir nas telenovelas, exibindo os capítulos em videotape de “Renúncia”, da Record, e alcançando grande êxito com “O Direito de Nascer” – produção da Tv Tupi que acabou sendo um dos maiores sucessos em audiência da televisão brasileira até hoje, pois atingiu, na época, no último capítulo, o índice de 99,75% dos televisores ligados. Devido a grande audiência, a emissora promoveu a festa de encerramento da novela, em agosto de 1965, no Maracanãzinho, que teve transmissão direta para São Paulo. Na oportunidade, se apresentaram César de Alencar e Adalgisa Colombo, além da participação do elenco da novela. Tal fato resultou na demissão da direção da TV Tupi do Rio de Janeiro, que rejeitou a telenovela por achar que a mesma não teria audiência, visto já ter sido apresentada pelo rádio, alguns anos antes. A TV Rio produziu também algumas telenovelas, a maioria escrita por Nelson Rodrigues, que usava o pseudônimo Verônica Blake. Se destacaram "A Morta Sem Espelho", "Pouco Amor não é Amor", "Sonho de Amor", "Acorrentados", "Comédia Carioca", "A Herança do Ódio", "O Porto dos Sete Destinos" e "O Desconhecido".

O canal 13 exibia ainda programas infantis. Muitos deles ficaram famosos, como "Clube do Tio Hélio", "Clube do Capitão Aventura", "A Turma do Zorro", "Comandante Meteoro" e "Programa Pullman Junior". Foi a TV Rio, também, a responsável pela primeira exibição no Brasil, em 1964, da série japonesa "National Kid", considerada o maior sucesso infantil da década de 60 na televisão. Tinha como mascote o "malandrinho carioca", personagem com olhos sobressaltados e um pandeiro na mão. Era uma contrapartida aos mascotes das concorrentes TV Tupi (o indiozinho), da TV Excelsior (duas crianças) e, mais tarde, da TV Globo (o gato).

Em 1965, o canal 13 ainda conseguiu alguma repercussão com “Rio Hit Parade”, com a Orquestra de Severino Araújo e apresentação de Murillo Neri e Adalgisa Colombo. Por ocasião do golpe militar de 1964, promoveu vigílias cívicas e chegou a sair do ar em solidariedade ao presidente João Goulart, o que irritou o governo da ditadura. A desestruturação de sua aliada TV Record, a ausência de artistas de projeção e dirigentes competentes, a saída de Boni e Walter Clark e a competição com a recém inaugurada Tv Globo deram início à decadência da TV Rio a partir de 1967.

Em 1968, a emissora foi vendida para a família Machado de Carvalho, da Record, e Murilo Leite, da Rede Bandeirantes. Mas a situação não melhorou.

Em 15 de maio de 1971, 50% das ações foram vendidas para o grupo Gerdau e para o grupo da Televisão Difusora de Porto Alegre, pertencente à Ordem dos frades Capuchinhos, representado pelos diretores Walmor Bergesch e José Sallimen Jr e o superintendente Nélson Vaccari. A programação passou a ser basicamente de filmes antigos e enlatados, e a audiência caiu vertiginosamente. Naquele ano, a emissora mudou-se para a rua Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, onde antes funcionava uma padaria. No lugar da antiga sede, foi construído o Rio Palace Hotel. Em 1972, voltou à Zona Sul, instalando-se em 3 andares do Panorama Palace Hotel, em Ipanema. Em 02/06/74, uma nova direção assumiu o canal 13: Carlos Alberto Scorzelli liderava um grupo formado por Zaide Martins, Davi de Sousa e Cyll Farney. Havia a promessa de compra da TV Rio, mas as cláusulas do contrato não foram cumpridas. Assim, no dia 19/09/74, a emissora já tinha novos proprietários: um grupo liderado pelo jornalista João Gualberto Matos de Sá (Alberto Matos), adquiriu as partes de Paulo Machado de Carvalho (46%), Walmor Bergesch (13,5%) e dos frades de Porto Alegre e Sallimen Jr. (40,5%). Ao transmitir ao vivo a luta de boxe entre Cassius Clay e George Foreman, realizada em Kinshasa (Zaire) em 30 de julho de 1974, a TV Rio anunciou que estava lançando uma nova rede, chamada SBC – Sistema Brasileiro de Comunicação.

Em seguida, Jorge Feijó e Joaquim Pires Ferreira, do grupo Vitória-Minas, tornaram-se sócios majoritários. Alberto Matos, formando um novo conselho diretor com Sérgio Roberto e Carlos Eduardo Alvarez, retomaria o comando em 02 de julho de 1975, cercado de seguranças.[4] Essas transações foram efetuadas sem a autorização do governo, o que levou o Sindicato dos Trabalhadores em Radiodifusão a mover uma ação judicial contra as transferências ilegais de responsabilidade entre os diversos proprietários. Em 1975, devido a essas ações, o Ministério das Comunicações exigiu que a TV Difusora de Porto Alegre reassumisse a empresa. As ações foram, então, divididas entre Augusto Amaral de Carvalho, José Salimeri, Valmor Bergesch, frei Cirilo Mattiello, frei Antônio Guizzardi, frei Osébio Borghetti e frei José Pagno.

Materia tvrio

Matéria da revista Amiga de 27 de Abril de 1977 falando sobre da cassação da concessão da Tv Rio.

Contudo, a intervenção não impediu a falência do canal. As dívidas com fornecedores e funcionários superavam o lucro obtido com programas e publicidade. Quando a emissora estava para ser fechada, a sua programação era constituída em cerca de 80% de programas ao vivo, dada a falta de técnicos e de equipamentos adequados. Exibindo basicamente forrós, sambas e serestas, em programas que sorteavam produtos como colchões e cobertores, a emissora atingia somente um público de baixo poder aquisitivo.

Às vésperas de sua extinção, incluindo os salários atrasados dos 147 funcionários, calculava-se que a dívida da TV Rio passava de Cr$70 milhões. A essa altura, dividiam as ações o grupo Record (46%), a Ordem dos Capuchinhos (40,5%) e o grupo gaúcho de Sallimen Jr (13,5%).

No início de 1976, a emissora ficou fora do ar por quase uma semana devido a uma ação judicial movida pela RCA contra a falta de pagamento de equipamentos. Em fevereiro de 1977, novamente ficou fora do ar por 30 dias, ocasião em que seus diretores solicitaram ao Dentel uma prorrogação de mais 15 dias para o restabelecimento da programação, prazo este que foi insuficiente. No dia 6 de abril de 1977, a concessão foi cassada e seus transmissores foram definitivamente lacrados pelo Dentel. Os arquivos e centros de documentação ficaram de posse dos padres capuchinhos da Televisão Difusora de Porto Alegre.

Nova TV Rio[]

Em 1983, a concessão do canal 11 foi outorgada à Rádiodifusão Ebenézer Ltda., ontrolada pelo pastor Nilson Fanini, líder da Primeira Igreja Batista de Niterói, tendo como sócio o empresário Cláudio Macário, numa licitação onde também concorreram a Editora Abril, Rádio Metropolitana, Rádio Capital, Governo do Estado do Rio de Janeiro e outras quatorze empresas. Com o plano de criar uma nova TV Rio, cujo nome fantasia ocioso foi comprado e patenteado, Fanini investe 6 milhões de dólares (o equivalente a 180 milhões de cruzados) na importação de equipamentos vindos do Japão e na reforma de um prédio centenário de três pavimentos na extinta rua Miguel de Frias, 57, no bairro da Cidade Nova, que serviria como sede da emissora.

Porém, a emissora só entrou no ar em junho de 1988, e com a supervisão de Walter Clark, que foi convidado para trabalhar na emissora, mas acabou saindo no mesmo mês por desentendimentos com os sócios. Nessa fase, até o apresentador Raul Gil chegou a apresentar programas na emissora carioca, bem como a TV Rio conquistou o direito de transmissão de jogos da Taça Libertadores da América, mas tudo isso não segurou a audiência e nova crise se abateu sobre a emissora. Em 1992, a nova TV Rio foi vendida para a Rede Record e, a partir de 1994, passou a se chamar TV Record Rio de Janeiro.[5]

Referências[]

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