Tieta foi a 41ª novela das 20h da Globo. Escrita por Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn, livremente inspirada no romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado. Com direção de Reynaldo Boury, Ricardo Waddington e Luiz Fernando Carvalho, e direção geral de Paulo Ubiratan. Exibida entre 14 de agosto de 1989 e 31 de março de 1990, em 197 capítulos, sucedendo O Salvador da Pátria e antecedendo Rainha da Sucata.
Com Betty Faria, Joana Fomm, José Mayer, Reginaldo Faria, Cássio Gabus Mendes, Armando Bógus, Lídia Brondi, Bemvindo Sequeira, Yoná Magalhães, Marcos Paulo e Arlete Salles nos papéis principais.
Enredo[]
Na juventude, Tieta (Betty Faria) foi expulsa de casa por seu pai, devido ao comportamento liberal dela. A moça teve que deixar sua cidade, a fictícia Santana do Agreste, no Nordeste, perto da praia do Mangue Seco. Vinte e cinco anos depois, ela volta à sua terra-natal decidida a se vingar da família e das pessoas que a maltrataram, mudando a rotina de todos na cidade. Em contrapartida, ela vê que nada mudou no lugar, e todos continuam hipócritas como antes.
Aqueles que a hostilizavam no passado, passaram a cortejá-lo. Mas Tieta acaba tendo um romance com o jovem seminarista Ricardo (Cássio Gabus Mendes), seu próprio sobrinho. Ele é filho da beata Perpétua (Joana Fomm), irmã rancorosa de Tieta que sonha em ver seu filho se tornando padre. Enquanto isso, Ascânio (Reginaldo Faria), secretário do prefeito, junta-se a Tieta na luta para promover o progresso e a modernização à cidade.
Tieta ainda reencontra Osnar (José Mayer), um mulherengo que foi apaixonado por ela quando jovem. A protagonista ainda conta com a amizade da sofredora Tonha (Yoná Magalhães) e da solteirona Carmozina (Arlete Salles).
Elenco[]
Intérprete | Personagem |
---|---|
Betty Faria | Antonieta Esteves Cantarelli (Tieta/Madame Antoinette) |
Joana Fomm | Perpétua Esteves Batista |
Reginaldo Faria | Ascânio Trindade |
Lídia Brondi | Leonora Cantarelli (Sheila) |
José Mayer | Osnar |
Cássio Gabus Mendes | Ricardo Esteves Batista (Cardo) |
Yoná Magalhães | Maria Antônia Esteves (Tonha) |
Marcos Paulo | Artur da Tapitanga Filho (Arturzinho) / Mirko Stéphano |
Luciana Braga | Maria Imaculada |
Arlete Salles | Carmosina |
Paulo José | Gladstone |
Ary Fontoura | Coronel Artur da Tapitanga |
Tássia Camargo | Elisa Esteves D'Alemberti |
Paulo Betti | Timóteo D'Alemberti |
Françoise Forton | Helena Trindade |
Sebastião Vasconcelos | Zé Esteves |
Luíza Tomé | Carol |
Armando Bógus | Modesto Pires |
Bete Mendes | Aída Pires |
Roberto Bonfim | Amintas |
Miriam Pires | Dona Milu |
Lília Cabral | Amorzinho |
Rosane Gofman | Cinira |
Cláudio Corrêa e Castro | Padre Mariano |
Flávio Galvão | Comandante Dário Queiroz |
Cláudia Alencar | Laura Queiroz |
Cláudia Magno | Silvana Pitombo |
Otávio Augusto | Marcolino Pitombo |
Ana Lúcia Torre | Juracy Pitombo |
Elias Gleizer | Jairo |
Renato Consorte | Seu Chalita |
Bemvindo Sequeira | Bafo de Bode / Possidônio Antunes |
Simone Carvalho | Elizabeth von Hoffman (Bebê) |
Paulo César Grande | Rosalvo |
Cristina Galvão | Filomena (Filó) |
Maria Helena Dias | Zuleica Cinderela |
Paulo Nigri | Cosme |
Andrea Paola | Araci |
Cidinha Milan | Cora Reis |
Roberto Frota | Leôncio |
Liana Duval | Rafaela (Rafa) |
Ênio Santos | Tertuliano (Terto) |
Chaguinha | Pirica |
Evandro Leandro | Trapizomba |
Tereza Cristina | Dorothy |
Ana Rosa Aboim | Nevinha |
Vanda Alves | Marilu |
Luciana Campos | Coralina |
Maria de Médicis | Ritinha |
Patrícia Alencar | Rosinha |
Rosana Salles | Dezinha |
Suzanne Seixas | Maria do Céu |
Genivaldo dos Santos | Jarro de Flor |
Danton Mello | Cupertino Esteves Batista Filho (Peto) |
Renata Castro Barbosa | Letícia Pires |
Jonathan Nogueira | Edmundo Pitombo |
Guga Coelho | Bentinho |
Eduardo Cardoso | Moleque Sabino |
Participações especiais[]
Intérprete | Personagem |
---|---|
Claudia Ohana | Tieta (jovem) |
Herson Capri | Lucas |
José de Abreu | Mascate |
José Lewgoy | Leovigildo Trindade |
Rogéria | Ninete / Valdemar |
Carlos Zara | Dr. Gama |
Jorge Dória | Pastor Hilário |
Iara Jamra | Assuntinha Ferreira |
Maria Isabel de Lizandra | Benta |
Miguel Falabella | Miguel |
Marília Barbosa | Cláudia Bruno |
Lina Fróes | Jussara, mãe de Imaculada |
David Pinheiro | Antônio Rezende |
Germano Filho | Jarde |
Emílio Di Biasi | Dr. Enrique |
Yaçanã Martins | recepcionista do hotel |
João Signorelli | assediador |
Paulo Reis | advogado de Ascânio |
Isadora Ribeiro | nova "teúda e manteúda" de Modesto Pires |
Adriana Canabrava | Perpétua (jovem) |
Thaís de Campos | Carmosina (jovem) |
Marcos Winter | Osnar (jovem) |
Ingra Liberato | Tonha (jovem) |
Edson Fieschi | Ascânio (jovem) |
Leonardo Brício | Amintas (jovem) |
Christian Esposito | Arturzinho (jovem) |
Roberto Rego Pinheiro | Timóteo (jovem) |
Tarcísio Meira | ele mesmo |
Pepeu Gomes | ele mesmo |
Moraes Moreira | ele mesmo |
Rogério Ehrlich | ele mesmo |
Produção[]
Livremente inspirado no livro "Tieta do Agreste" de Jorge Amado, publicado originalmente em 1977, foi aproveitado do romance a história principal. E os personagens presentes no livro tiveram destaque maior na adaptação. A princípio, o projeto de adaptar a história seria em uma minissérie, adaptada por Doc Comparato, dirigida por Paulo Ubiratan e com Betty Faria como protagonista. Mas Boni sugeriu que o projeto se tornasse uma novela das oito, vendo o potencial da história. Uma vez que a Globo encontrava dificuldades para encontrar uma sucessora para O Salvador da Pátria após o veto a Barriga de Aluguel de Gloria Perez.
Boni, então, convocou Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares para a adaptação. E a novela foi escrita e produzida de imediato, com produção a toque de caixa. Cenas iniciais eram gravadas enquanto cenários da cidade cenográfica ainda estavam sendo erguidos. Essa cidade teve 10 000 m², em Guaratiba, no Rio de Janeiro. Composta por 46 prédios, duas igrejas, oito ruas, duas praças, um circo abandonado e quinze ruínas. O piso das ruas de Laranjeiras, de Sergipe, foi reconstituída por artesãos sergipanos.
Também abordou temas polêmicos, como o incesto e a pedofilia. O romance de Tieta (Betty Faria) com o sobrinho Ricardo (Cássio Gabus Mendes) enfrentou problemas na justiça e com a Igreja Católica (por Ricardo ser seminarista). O prefeito Artur da Tapitanga (Ary Fontoura) seduzia "rolinhas" (que era como ele chamava as meninas menores de idade), em troca de casa e comida.
A trama fazia referência ao fim da Censura Federal e a volta da liberdade de expressão. O dia em que Tieta (Cláudia Ohana) foi expulsa de casa foi 13 de dezembro de 1968, dia em que foi promulgado AI-5, durante o regime militar. Na sequência, o pai de Tieta, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos) arrancou a folha do calendário que tinha essa data, dizendo para fingir que este dia nunca existiu.
Misturando elementos de realismo fantástico, a novela contou com dois grandes mistérios. O primeiro era o da "mulher de branco", uma assombração vestida de branco que vagava pelas ruas à noite e atacava os homens. Foram gravados oito desfechos com personagens diferentes para manter o mistério sobre a identidade da criatura: gravaram com Perpétua (Joana Fomm), Carmosina (Arlete Salles), Amorzinho (Lília Cabral), Aída (Bete Mendes), Juraci (Ana Lúcia Torre), Cora (Cidinha Milan), Araci (Andréa Paola) e Manon (Sônia Barbosa). Mas a "mulher de branco" revelada na exibição foi Laura (Cláudia Alencar).
O segundo mistério envolvia Perpétua, que tinha uma caixa em seu quarto e admirava o que tinha o que tinha dentro dela, mencionando seu falecido marido. Entre o público, a principal teoria era de que dentro da caixa havia o pênis do homem embalsamado. Porém, o conteúdo da caixa nunca foi revelado, apenas foi mostrada a reação dos personagens ao verem o que tinha dentro.
A novela popularizou bordões na época. Tais como “Mistééério!”, dito por Milú (Mirian Pires); “Te-chau!”, dito por Tonha (Yoná Magalhães); “U-u!”, dito por Modesto Pires (Armando Bógus); e "Eta Lelê", dito por Tieta.
Os dois momentos mais marcantes foram: quando Tieta voltou para Santana do Agreste, sendo recebida por Bafo de Bode (Bemvindo Siqueira); e durante o último capítulo, em uma briga entre Tieta e Perpétua dentro da igreja, Tieta arranca a peruca da irmã e todos os presentes descobrem que ela era careca, embora nunca fosse explicado o motivo da personagem não ter cabelos.
Ingra Liberato viveu Tonha na primeira fase da trama, e depois foi contratada pela Manchete para atuar em Pantanal. Mesmo em compromisso com outra emissora, Ingra retornou à Globo para gravar flashbacks exibidos durante os últimos capítulos. Betty Faria aproveitou a repercussão da trama para lançar "Tieta by Betty Faria", uma grife voltada para o público feminino, composta por biquini e batom em tons dourados e alaranjados, e um óleo bronzeador.
A repercussão também fez com que as dunas de Mangue Seco, no litoral da Bahia, virassem ponto turístico. E uma referência nos anos seguintes à novela, onde foram gravadas cenas.
A abertura foi estrelada por Isadora Ribeiro, já conhecida do público por aparecer na abertura do Fantástico. Na vinheta, areia, árvores e pedras se transformavam na modelo, que personificava a protagonista, e aparecia completamente nua. A equipe de Hans Donner fotografou o litoral de Mangue Seco e projetou as fotos no fundo da cena, que foi gravada em um estúdio tanque iluminado artificialmente para simular a luz do Sol. Para perder a inibição e o desconforto com a nudez em cena, Isadora ficou andando nua pelo estúdio por cerca de trinta minutos.
Considerada a segunda novela de maior audiência da televisão brasileira, perdendo apenas para Roque Santeiro (1985), marcou cerca de 65 Pontos de média geral de audiência. Seu último capítulo alcançou 78 pontos, mas seu recorde veio antes. Durante o capítulo 194, quando marcou 85 pontos. Um feito que nunca mais foi repetido.
Reprises[]
Foi reprisada pelo Vale a Pena Ver de Novo entre 19 de setembro de 1994 e 7 de abril de 1995, em 145 capítulos, sucedendo Rainha da Sucata (coincidentemente, sua sucessora original) e antecedendo Pedra sobre Pedra. Marcou 27,79 Pontos de média geral de audiência. Essa reprise se caracterizou pelo erro nos nomes de alguns atores na abertura. Na ocasião, a trilha sonora foi relançada em CD.
No Viva, foi reprisada na íntegra na faixa das 15h30 entre 1º de maio a 15 de dezembro de 2017, sucedendo A Gata Comeu e antecedendo a minissérie Grande Sertão: Veredas, que por sua vez antecedeu Bebê a Bordo. A minissérie foi escalada para suceder a novela como uma estratégia do canal para que a novela sucessora não estreasse em dezembro. Época em que, como de costume, a audiência da televisão costuma cair. A novela foi a primeira do canal a ser reprisada em esquema de maratona aos domingos, com os seis capítulos da semanas sendo reapresentados em sequência.
Em 8 de junho de 2020, foi a segunda novela a ser disponibilizada na íntegra pelo Globoplay através do "Projeto Resgate".
DVD[]
Em junho de 2012, em comemoração ao centenário de Jorge Amado, a Globo Marcas lançou o box de DVDs da novela. Contendo 11 discos e um compacto de cerca de 40 horas.